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Há quem desconheça as estatísticas e a língua portuguesa, nos reduzindo a meras 'ajudadoras' de marido

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Por Patricia Alves
Atualização:
Patricia Alves. FOTO: DIVULGAÇÃO Foto: Estadão

Mulheres são a principal fonte de renda em 69% dos lares do País.

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Ainda ganhamos menos do que os homens, exercendo a mesma função. Sofremos, diariamente, vários tipos de assédio e convivemos com episódios machistas, frutos de uma sociedade patriarcal.

Mas nada é mais chocante que ouvir uma mulher nos colocar em uma função que gerações lutaram tanto para sair.

Primeiro, vamos voltar duas casas: ter marido  ou filho é currículo? Sinônimo de felicidade e plenitude? Ou deveria ser uma opção de cada uma de nós?

E quem decide por outro caminho fica sem  função social? Não pode nem exercer papel de "ajudadora"?

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Vamos aos dados reais de um país submerso em hipocrisia..

De acordo com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), o percentual de domicílios brasileiros chefiados por mulheres passou de 25% em 1995 para 69% em 2022.

Estima-se, ainda, que só entre 2014 e 2019, quase 10 milhões de mulheres assumiram o posto de gestora da casa, enquanto 2,8 milhões de homens perderam essa posição no mesmo período.

Não vejo isso ser celebrado em nenhuma das campanhas políticas.

As candidatas ainda aparecem com o modelo de "comercial de margarina" e cercadas de assuntos, muitas vezes irrelevantes, mas de interesse da coletividade.

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É comum ouvir: sou mãe, mulher, esposa.... Como se a vida pessoal de cada uma delas estivesse em pauta e fosse fator relevante para comandar um país.

É quase um "não sou feliz, mas tenho marido" e seguem mostrando na rede social tóxica o quanto são "amadas" em uma enxurrada de posts que mostram uma autoafirmação que nem Freud seria capaz de explicar.

Fui a segunda mulher de minha família a cursar uma faculdade e a primeira a fazer pós-graduação, um mestrado.

Faço um apelo de quem não se vê representada quando assisto ao horário político eleitoral.

Candidatas, se posicionem - sem medo - sobre aborto, Estado laico, a escolha pela não maternidade e mudem paradigmas tão obsoletos, repressores e antiquados.

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Quem sabe assim a gente consiga colocar mulheres reais não só nas propagandas, mas em cargos públicos relevantes.

Não, não somos sombras, metades ou "ajudadoras". Somos a locomotiva que comanda um país chafurdado na lama do preconceito, do ódio e do retrocesso.

*Patricia Alves é repórter e apresentadora da TV Cultura e colunista da revista Mensch. Diretora da Patwork Comunicação, faz parte do Comitê de Comunicação da LoveTogether Brasil, Aliança Solidária e Mulher Reviva. Jornalista graduada pela FMU de São Paulo e pós-graduada em Comunicação Coorporativa pela Fundação Casper Líbero

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