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Lula reabilita delegados que foram alvo de Bolsonaro

Ricardo Saadi, exonerado da Superintendência do Rio, assume Diretoria de Investigação e Combate à Corrupção da PF; Rodrigo Morais Fernandes, que investigou a facada, vai comandar Diretoria de Inteligência; e Rodrigo Teixeira, superintendente em Minas na época do atentado, será chefe da Diretoria de Polícia Administrativa

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Foto do author Rayssa Motta
Foto do author Luiz Vassallo
Delegados Ricardo Saadi, Rodrigo Morais Fernandes e Rodrigo Teixeira. Foto: FABIO POZZEBOM/AG. BRASIL, TCE-MG E FRED MAGNO/O TEMPO

A composição da cúpula da Polícia Federal tem evidenciado a tentativa do governo Luiz Inácio Lula da Silva de tentar afastar da corporação a influência de Jair Bolsonaro (PL). Algumas das principais diretorias da PF serão ocupadas na atual gestão petista por delegados que estiveram na mira do ex-presidente. Assinada pelo ministro da Casa Civil, Rui Costa, a nomeação de Ricardo Saadi para Diretoria de Investigação e Combate ao Crime Organizado e à Corrupção (Dicor) foi publicada nesta terça-feira, 14.

Saadi esteve no centro das suspeitas de que Bolsonaro fez trocas estratégicas na PF para tentar blindar aliados e os filhos de investigações. O delegado era superintendente do órgão no Rio, mas foi exonerado pelo ex-presidente, que alegou problemas de "produtividade" na unidade regional. A mudança abriu uma crise com o então ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro.

Rodrigo Morais Fernandes, que investigou a facada sofrida por Bolsonaro, vai comandar Diretoria de Inteligência. Foto: Reprodução/DOU

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O ex-juiz da Operação Lava Jato, hoje senador pelo União Brasil, deixou o governo acusando Bolsonaro de tentar interferir politicamente na corporação - na eleição do ano passado, ele se reconciliou com o ex-presidente e o apoiou no segundo turno contra Lula. O caso está em apuração no Supremo Tribunal Federal (STF). Uma das atribuições da Dicor é investigar políticos e autoridades com prerrogativa de foro.

FACADA. Outro reabilitado pela Casa Civil de Lula é o delegado Rodrigo Morais Fernandes. Ele foi o responsável pelo inquérito sobre o atentado contra Bolsonaro na campanha eleitoral de 2018. O ex-presidente foi atingido por uma facada durante uma agenda de campanha em Juiz de Fora (MG). A investigação concluiu que Adélio Bispo, responsável pelo ataque, agiu sozinho e que o crime não teve um mandante. Sem provas, o ex-presidente reiterou diversas vezes a tese de que há "gente grande" por trás do atentado. Fernandes vai assumir a Diretoria de Inteligência Policiais da PF, uma das mais importantes da corporação.

O delegado Rodrigo Teixeira, que era superintendente da PF em Minas Gerais quando aconteceu o atentado, foi indicado para a Diretoria de Polícia Administrativa. Próximo do atual diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues, ele chegou a ser sondado para o cargo de diretor executivo, número dois da corporação, que ainda não foi preenchido.

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Teixeira foi exonerado pelo ex-presidente da República e, na época, atribuiu a troca a uma insatisfação da família Bolsonaro com a condução do inquérito sobre a facada.

Em entrevista ao Estadão, ele disse acreditar que o clã queria que a apuração chegasse à conclusão de que Adélio Bispo tinha sido financiado por partidos políticos ou uma organização criminosa.

 Foto: Estadão

Ao todo, a PF tem 11 diretorias especializadas. Em dezembro de 2021, o Estadão mostrou que, com a saída da delegada Dominique de Castro Oliveira do escritório da Interpol no País, o governo Bolsonaro já acumulava ao menos duas dezenas de mudanças na corporação. As razões eram divergências políticas com o governo e com a cúpula da PF, ou investigações que desagradaram ao Palácio do Planalto.

Considerada sem precedentes, a série de intervenções levou à geladeira, ou para o "corredor" - termo usado na PF para quem está em estado de fritura pela direção -, experientes quadros policiais.

A reabilitação de delegados que foram alvo no governo passado é interpretada como um recado da gestão Lula para a corporação: o de que haverá empenho para reduzir a influência do bolsonarismo na PF.

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'ESCONDIDO'. O próprio Lula tem vocalizado a investida para "desbolsonarizar" o governo. Nesta terça, durante evento de retomada do programa Minha Casa, Minha Vida, na Bahia, o presidente disse que a tarefa foi dada ao ministro-chefe da Casa Civil.

"Estamos há apenas 40 dias no governo. A gente ainda nem conseguiu montar as equipes que a gente tem que montar porque nós temos que tirar bolsonarista que está lá escondido às pencas", afirmou Lula.

"E a responsabilidade de tirar eles é do Rui Costa. É o Rui Costa que tem que assinar as medidas para tirar aquela gente que está infiltrada no nosso governo", disse o petista.

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