Dessa vez ocorreu efetivamente a conversa ao telefone entre Vladimir Putin e Donald Trump, presidentes da Rússia e EUA. As anteriores ligações telefônicas, Trump confirmava e o Kremlin não negava, mas também não admitia.
As assessorias dos dois presidentes confirmaram e a conversa durou hora e meia. Depois dela, e pelo acerto, até uma troca de presos aconteceu. Efetivou-se a troca de um cidadão americano preso por porte de maconha em Moscou e um cyber-espião russo custodiado nos EUA.
O tema principal desenvolvido na conversa entre os presidentes foi o fim da guerra da Rússia com a Ucrânia, que dura quase três anos.
Para os operadores do direito internacional, deu-se um primeiro e largo passo. Putin mostrou-se aberto e Trump prometeu vantagens. A Ucrânia tem voz fraca.
Trump ligou ao presidente ucraniano Zelensky tão logo terminada a conversa telefônica com Putin.
Zelensky, via rede social, informou ter havido a conversa com Trump e frisou estar aberto para as negociações. Antes da conversa entre Putin e Trump, o presidente ucraniano tentou demonstrar força a dizer, em absoluta conformidade com o previsto no direito internacional que, sem a presença da Ucrânia, nada poderia ser decidido. Isso representou, na verdade, esperneio e “flatus vocis” ( sopro de voz) de Zelensky.
O presidente Zelensky bem sabe que Trump e Putin pretendem mandar no planeta e possuem as melhores e mais simples soluções para todo o tipo problema. Um exemplo disso: Putin, com ambições imperialistas, invadiu a Ucrânia e ignorou a Carta constitucional das Nações Unidas, esta protetora da soberania dos estados nacionais. Pelo seu lado, Trump anunciou que vai grilar a faixa geográfica de Gaza para instalar um balneário americano.
Por evidente, Zelensky está em posição de inferioridade e, por isso, pronto a engolir sapos e bifes à rolê. Resta-lhe, assim, insistir com a segurança, até porque a Ucrânia teve a sua soberania desrespeitada e Putin nem se importou com o direito internacional.
Zelensky quer garantia de segurança dos EUA, pois sabe não ter a Europa condição para manter promessa de apoios militar e financeiro em caso de a guerra ser ainda mais longa.
Mais ainda, Putin quer a Ucrânia fora da Aliança Atlântica (OTAN), cuja regra é a união de todos os estados nacionais em caso de agressão militar a um deles. Até agora, a OTAN não aceitou a Ucrânia sob a motivação de impossibilidade de admissão de país em guerra, caso da Ucrânia.
Como está fragilizado, Zelensky admite até a perda de terras ucranianas para a invasora Rússia. Tenta apenas fingir-se de desentendido e ressalta poder negociar com Putin a troca de áreas territoriais. Não diz quais seriam.
Zelensky frisa, ainda, poder garantir parceria, por intermediação de Trump, com empresas americanas interessadas na exploração de minerais em terras raras e, também, promover acertos com empresários americanos da construção civil. Isso a fim de reerguer a destruída Ucrânia, algo orçado em US$500 bilhões: no recente encontro de Davos, empresários norte-americanos conversaram com Zelensky e colocaram os serviços das suas empresas à disposição.
Trump já demonstrou interesse nas parcerias. Só que deseja. diante da antiga e conhecida corrupção existente na Ucrânia, impor a privatização dos serviços públicos. E privatização com sociedades norte-americanas a gerir a administração.
Como Trump e Putin são impositivos, eles darão as soluções a Zelensky e, com o cessar fogo e a paz, exigirão eleição presidencial imediata, com o fim da lei marcial prorrogadora do mandato de Zelensky. Para ambos, a saída de Zelensky da presidência seria o ideal.
Na próxima semana, terão início as reuniões para a costura da paz, entre os representantes de Putin e Trump. No momento, Zelensky, como se diz no futebol, ficará esquentando o banco de reservas.
Como fica fácil de concluir, desse encontro a grande vítima será o direito internacional público, chamado de direito das gentes. Irá valer o acordo de vontades estabelecido entre Trump e Putin e, pasmem, sobre a Ucrânia. E Zelensky será chamado apenas para assinar e dar validade ao princípio contratual da pacta sunt servanda (o pactuado deve ser cumprido).