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Para procurador, não há provas que liguem contas a Lula e Dilma

Ivan Cláudio Marx diz que Joesley não comprovou que petistas teriam sido beneficiários de depósitos de US$ 150 milhões

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Por Fabio Fabrini, Beatriz Bulla e de Brasília
Atualização:

Dilma e Lula em outubro de 2013. FOTO: DIDA SAMPAIO/ESTADÃO Foto: Estadão

O procurador da República no Distrito Federal Ivan Cláudio Marx afirmou que o empresário Joesley Batista, dono da JBS, não apresentou comprovação de que os ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff eram beneficiários ou sabiam de contas no exterior, nas quais a empresa teria depositado US$ 150 milhões em propinas para uso em campanhas eleitorais.

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A acusação foi feita pelo delator em depoimentos à Procuradoria-Geral da República, mas, de acordo com Marx, que foi designado para investigar o caso na primeira instância, faltam evidências do envolvimento dos petistas nos crimes relatados. "É uma história que ele (Joesley) contou, que pode ser verdade ou mentira, mas é insuscetível (inalcançável) de prova", disse o procurador.

+ O depoimento de Joesley

Marx alegou que ouviu o empresário em junho e requereu a ele documentos que pudessem atestar o envolvimento dos dois ex-presidentes no suposto esquema, mas nada foi apresentado. Além disso, segundo o procurador, o próprio depoimento do delator demonstra que não há como provar os supostos crimes por meio de alguma diligência a ser solicitada pelo Ministério Público Federal.

"É uma história meio absurda desde o início", afirmou. "Ele não tem nada. Essa história não tem pé nem cabeça. Não tem como provar."

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As conclusões de Marx foram divulgadas pelo site UOL e confirmadas por ele em entrevista ao Estado.

Na delação acertada com a Procuradoria-Geral da República, Joesley disse que as contas no exterior foram abertas para depositar propinas como contrapartida a aportes feitos pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) no Grupo J&F, controlador da JBS. Elas teriam sido criadas em acordo com o ex-ministro da Fazenda Guido Mantega, como uma espécie de "garantia" de pagamentos a serem feitos a aliados do governo petista.

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Uma dessas contas foi aberta em 2009 por causa de supostos acertos ilícitos, referentes ao governo Lula. A outra, iniciada em 2010, seria vinculada a negociatas ocorridas na gestão Dilma. O saldo teria alcançado US$ 150 milhões em 2014, ano de disputa eleitoral. Os petistas já negaram as declarações do empresário.

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O procurador disse que alguns pontos inviabilizam a comprovação das acusações a Lula e Dilma. O primeiro é que, segundo a própria versão de Joesley, as supostas contribuições eleitorais do esquema não foram feitas com os recursos das contas, mas de outras fontes no Brasil. Isso impede, por exemplo, que a investigação "siga" o dinheiro que estava depositado no exterior e chegue a eventuais políticos beneficiários.

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Outra questão é que as contas estavam abertas em nome de empresas ligadas à JBS e eram operadas por elas, o que dificulta a comprovação de um vínculo com os petistas.

De acordo com Marx, faltam também evidências de que tanto Lula quanto Dilma sabiam da existência do dinheiro, pois essa suspeita está calcada apenas nas declarações do delator. Não há, por exemplo, nenhuma mensagem, gravação ou outro tipo de prova a respeito. "Ele só tem a palavra dele. Não tenho como 'condenar' ninguém com a palavra dele", afirmou o procurador.

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Questionado se a Procuradoria-Geral da República se precipitou ao fechar a colaboração com Joesley, Marx respondeu que não tem conhecimento de tudo o que foi tratado com o empresário em seu acordo, mas criticou a versão sobre as contas no exterior: "O cara é muito 'bom'. Tem uma conta lá, que não consegue explicar, e conseguiu transformar isso numa delação".

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Procurada, a Procuradoria-Geral da República não comentou.

Marx afirmou ainda que o esquema de corrupção da JBS no BNDES continuará sendo investigado na Operação Bullish. Um dos caminhos possíveis é avaliar se as doações feitas à campanha de Dilma em 2014 tiveram alguma relação com os investimentos feitos pelo banco. O Ministério Público Federal e o Tribunal de Contas da União (TCU) apontam que o banco aprovou irregularmente aportes bilionários na empresa.

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COM A PALAVRA, A JBS

A JBS informou, em nota, que, "a despeito do grande número de informações e provas já entregues", o compartilhamento de documentos e informações complementares entre a Procuradoria-Geral da República e demais ofícios do Ministério Público Federal estão sendo tratados "dentro dos trâmites legais". "Os colaboradores continuam disponíveis para cooperar com a Justiça."

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