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PF indicia 3 desembargadores, 2 juízes e 7 advogados do Maranhão por venda de sentenças

Nelma Celeste Souza Silva Sarney Costa, Antônio Pacheco Guerreiro Junior e Luiz Gonzaga Almeida são acusados corrupção no relatório final da Operação 18 Minutos; Estadão pediu manifestação dos magistrados

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Foto do author Rayssa Motta
Foto do author Fausto Macedo
Atualização:

A Polícia Federal concluiu o inquérito da Operação 18 Minutos, que investigou a venda de sentenças no Tribunal de Justiça do Maranhão, e indiciou 23 pessoas, entre desembargadores, juízes, advogados e servidores da Corte, por corrupção passiva, lavagem de dinheiro e organização criminosa.

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O relatório final da investigação, de 174 páginas, foi enviado no dia 6 de fevereiro ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), instância competente para julgar desembargadores. O relator é o ministro João Otávio de Noronha.

Os desembargadores Nelma Celeste Souza Silva Sarney Costa, Antônio Pacheco Guerreiro Junior e Luiz Gonzaga Almeida e os juízes Alice de Sousa Rocha e Cristiano Simas de Sousa estão entre os indiciados. O Estadão pediu manifestação dos magistrados via assessoria de imprensa do Tribunal do Maranhão.

A PF apontou envolvimento dos magistrados em fraudes para a liberação de alvarás judiciais que resultaram no levantamento de quase R$ 18 milhões do Banco do Nordeste para o pagamento de honorários advocatícios. Eles teriam manipulado a distribuição de processos e feito cálculos de correção monetária injustificados, por exemplo.

Nelma Celeste Souza Silva Sarney Costa, Antônio Pacheco Guerreiro Junior e Luiz Gonzaga Almeida Foto: Divulgação/TJ-MA

Os investigadores dividiram os indiciados em três núcleos: judicial, formado pelos magistrados e por seus auxiliares; causídico, formado por advogados que agiriam em conluio com juízes e desembargadores para conseguir as decisões suspeitas; e operacional, responsável pela lavagem do dinheiro obtido no esquema.

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“A presente investigação identificou a existência de uma organização criminosa formada pelos núcleos judicial, causídico e operacional, em que magistrados, advogados e terceiros atuavam de forma estruturalmente ordenada, com clara divisão de tarefas, com o objetivo de obter vantagens de qualquer natureza, mediante a prática de infrações penais, dentre as quais, corrupção e lavagem de dinheiro”, afirma a Polícia Federal.

O ex-deputado federal Edilázio Júnior (PSD-MA) foi indiciado no núcleo operacional. Ele é genro da desembargadora Nelma Sarney. Mensagens obtidas na investigação indicam que Edilázio influenciou decisões da desembargadora. O Estadão pediu manifestação do ex-deputado. Quando o inquérito veio a público, ele negou irregularidades e disse que as acusações são baseadas em “ilações e elucubrações que buscam atingir a sua imagem política”.

Os investigadores afirmam ter encontrado movimentações financeiras suspeitas. São depósitos sem identificação de origem e transferências fracionadas, o que sugere lavagem de dinheiro.

Veja a lista completa de indiciados:

  1. Nelma Celeste Souza Silva Sarney Costa
  2. Antonio Pacheco Guerreiro Junior
  3. Luiz Gonzaga Almeida
  4. Alice de Sousa Rocha
  5. Cristiano Simas de Sousa
  6. Frederico de Abreu Silva Campos
  7. Francisco Xavier de Sousa Filho
  8. José Helias Sekeff do Lago
  9. Carlos José Luna dos Santos
  10. Sebastião Moreira Maranhão
  11. Edilázio Gomes da Silva Júnior
  12. Felipe Antônio Ramos Sousa
  13. Janaína Moreira Lobão Coelho
  14. Arnaldo José Sekeff do Lago
  15. Flávio Henrique Silva Campos
  16. Alderico Jefferson Abreu da Silva
  17. Fernando Antônio Ramos Sousa
  18. Eliane Ramos Sousa
  19. Sirley Regina Silva
  20. Fabrício Antônio Ramos Sousa
  21. Jaiçara Melo de Araújo Sousa
  22. Paulo Martins de Freitas Filho
  23. Lúcio Fernando Penha Ferreira

COM A PALAVRA, OS CITADOS

A reportagem pediu manifestação dos magistrados e dos advogados e busca contato com os demais citados. O espaço está aberto para manifestações (rayssa.motta@estadao.com e fausto.macedo@estadao.com).

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COM A PALAVRA, O BANCO DO NORDESTE

O Banco do Nordeste esclarece que a Operação 18 minutos originou-se de representação, pelo BNB, na condição de vítima, junto ao Conselho Nacional de Justiça e à Corregedoria do Tribunal de Justiça do Maranhão, em face das reiteradas decisões arbitrárias contra a instituição no âmbito do Tribunal de Justiça do Estado do Maranhão. O BNB avalia continuamente as medidas cabíveis para a defesa de seus interesses institucionais, dos recursos sob sua administração e de seu patrimônio, adotando as providências jurídicas necessárias no tempo oportuno, em consonância com as orientações técnicas e institucionais.