As revelações do ex-ministro Sérgio Moro sobre atuação do presidente Jair Bolsonaro contra a autonomia da Polícia Federal devem ser apuradas 'com rigor e celeridade necessários', afirmou Tania Prado, presidente do Sindicato dos Delegados de Polícia Federal do Estado de São Paulo.
"É preciso dotar a Polícia Federal de autonomia na Constituição para impedir ingerências como as que estão ocorrendo", afirmou Prado.
O Sindicato dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo (Sindesp) emitiu nota repudiando o que classificou de 'ingerências políticas' que resultaram na demissão de Moro. Assim como o sindicato dos delegados da PF, a instituição afirma que os fatos revelados pelo ex-ministro da Lava Jato são 'gravíssimos' e que 'comprometem a instituição da Presidência da República'.

"A Polícia Federal não pode estar exposta a tentativas de ingerências políticas e manipulação de interesses. O antídoto contra a excessiva vulnerabilidade da Polícia Judiciária e as odiosas intromissões políticas é a autonomia institucional", afirmou o Sindesp, em nota assinada pela presidente do sindicato, Raquel Kobashi Gallinati. "Ainda mais grave que essa tentativa arbitrária tenha como origem a principal instituição do país, a Presidência da República".
"A autonomia institucional da Polícia Judiciária concorre para o interesse público e qualquer tentativa de alterar essa norma deve ser vista como um ataque aos fins para os quais se destina, a manutenção do Estado Democrático de Direito e da Justiça", conclui o sindicato.
Em nota, o Fórum Brasileiro de Segurança Pública afirmou ser 'urgente' a atuação do Ministério Público e do Judiciário no aprofundamento de 'investigações sobre a existência de potencial conflito de interesse e improbidade administrativa' na nomeação de pessoas ligadas a Bolsonaro para cargos-chave no setor de segurança pública.
A instituição também criticou a gestão Moro na pasta. "Entendemos que sua gestão não foi muito diferente das anteriores, pois ele não usou de seu grande prestígio político e de suas prerrogativas no cargo para avançar na construção de reformas das polícias", afirmou.
LEIA A ÍNTEGRA DA NOTA DO SINDICATO DOS DELEGADOS DA POLÍCIA FEDERAL DE SÃO PAULO As declarações do Ministro da Justiça Sérgio Moro revelam fatos gravíssimos, que devem ser apurados com o rigor e celeridade necessários. É preciso dotar a Polícia Federal de autonomia na Constituição para impedir ingerências como as que estão ocorrendo. Já existem duas propostas de emenda à Constituição no congresso nacional para blindagem da PF no tocante ao mandato de Diretor-Geral (PEC 101/2015) e autonomia administrativa, funcional e financeira do órgão (PEC 412/2009) e, portanto, não há motivo para apresentação de outra PEC do governo. O que é preciso fazer é que os representantes do povo legitimamente eleitos, inclusive a presidência da República, apoiem integralmente estas duas PECs. Tania Prado - Presidente do Sindicato dos Delegados de Polícia Federal do Estado de SP
LEIA A ÍNTEGRA DA NOTA DO SINDICATO DOS DELEGADOS DE POLÍCIA DE SÃO PAULO:
O Sindicato dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo ( SINDPESP) repudia as ingerências políticas, que resultaram no pedido de exoneração do ex Ministro Sérgio Moro
As declarações do agora ex-ministro da Justiça Sérgio Moro revelam fatos gravíssimos, que comprometem a instituição da Presidência da República e devem ser apurados com todo o rigor que o momento exige. A Polícia Federal não pode estar exposta a tentativas de ingerências políticas e manipulação de interesses. O antídoto contra a excessiva vulnerabilidade da Polícia Judiciária e as odiosas intromissões políticas é a autonomia institucional. O bom desempenho da missão policial está diretamente relacionado com a sua organização de forma autônoma, para a construção de uma Polícia Federal republicana, eficiente, isenta e imparcial. Para tanto, é indispensável a autonomia institucional, escudo protetivo contra interferências indevidas de setores da sociedade brasileira. Ainda mais grave que essa tentativa arbitrária tenha como origem a principal instituição do país, a Presidência da República. A autonomia institucional da Polícia Judiciária concorre para o interesse público e qualquer tentativa de alterar essa norma deve ser vista como um ataque aos fins para os quais se destina, a manutenção do Estado Democrático de Direito e da Justiça.
Raquel Kobashi Gallinati Presidente do Sindicato dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo