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Mauro Cid delata a Moraes: veja vídeos do depoimento do ex-braço direito de Bolsonaro

Em depoimento ao ministro do Supremo Tribunal Federal, em novembro do ano passado, quando sua delação estava à beira de ser rescindida, tenente-coronel que incriminou Bolsonaro e generais foi avisado que poderia sair preso se caísse em novas contradições ou omitisse informações; veja os principais trechos da audiência

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Por Redação
Atualização:
Delação Mauro Cid; depoimento prestado a Moraes em novembro de 2024. Foto: Reprodução

Os vídeos da delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens da Presidência no governo Jair Bolsonaro (PL), foram divulgados pelo Supremo Tribunal Federal (STF) nesta quinta-feira, 20, após o ministro Alexandre de Moraes levantar o sigilo do seu acordo de colaboração.

Em novembro de 2024, a delação esteve à beira de ser rescindida. A Polícia Federal (PF) encontrou provas que divergiam das informações prestadas pelo tenente-coronel. Para tirar os dados a limpo, Alexandre de Moraes convocou uma audiência no STF. Mauro Cid foi avisado que poderia sair preso se caísse em novas contradições. Também foi notificado que, se omitisse informações, o acordo poderia ser anulado e os benefícios – concedidos também a seu pai, mulher e filha – revogados.

Assista aos principais trechos da audiência:

O tenente-coronel delatou que havia pressão do agronegócio pelo plano golpista para manter Bolsonaro no poder. O ex-ajudante de ordens afirmou que “eles estavam nessa angústia de esperar que fosse dado o golpe” e que financiaram acampamentos de bolsonaristas próximo aos quartéis do Exército após a derrota do ex-presidente nas eleições de 2022.

No depoimento a Moraes, Mauro Cid negou que integrantes do governo e das Forças Armadas soubessem previamente dos atos do 8 de janeiro de 2023. Segundo o tenente-coronel, as manifestações e depredações na Praça dos Três Poderes foram uma “surpresa para todo mundo”.

Como ajudante de ordens, Mauro Cid tinha acesso livre ao Palácio do Planalto e esteve ao lado do Bolsonaro em entrevistas, lives e reuniões. O tenente-coronel declarou que o ex-presidente pressionou o Ministério da Defesa a apontar fraudes nas urnas eletrônicas. Segundo o delator, Bolsonaro pediu alterações no relatório sobre as urnas após as Forças Armadas descartarem irregularidades.

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O tenente-coronel foi o pivô da prisão do general Walter Braga Netto. Mauro Cid declarou que o ex-ministro entregou dinheiro a oficiais das Forças Especiais do Exército, os “kids pretos”, que planejavam matar o ministro Alexandre de Moraes. Os recursos teriam sido repassados em uma sacola de vinho, segundo Cid.

O tenente-coronel também revelou em sua delação premiada que o ex-presidente foi quem solicitou o monitoramento do ministro Alexandre de Moraes. “O último monitoramento, a gente faz aquela brincadeira, né, professora tal, foi... essa aí foi o presidente que pediu. Essa aí foi o próprio presidente que pediu.”

Outra audiência tensa ocorreu quando o tenente-coronel foi ouvido por um juiz auxiliar do gabinete do ministro Alexandre de Moraes, em março de 2024, após a exposição de áudios em que ele ataca Moraes e afirma que os investigadores “não queriam saber a verdade”. No depoimento, Mauro Cid se queixou por Bolsonaro ter “se dado bem, ficado milionário”, enquanto ele próprio “perdia tudo” e sua carreira estava “desabando”.

O tenente-coronel chorou ao menos duas vezes durante a audiência com o juiz auxiliar de Moraes. Primeiro, Cid caiu em lágrimas ao falar da filha. Ao receber a notícia de uma nova prisão preventiva, ele aparece nas imagens inconformado.