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Transformando a gestão pública brasileira e fortalecendo a democracia

A Mulher que há em nós, gestoras e líderes públicas

Por Paola Figueiredo é Superintendente de Autonomia Econômica da Mulher do Estado do RJ
Atualização:

"À Clarice, por ter me virado do avesso. Agora sei que o avesso era a minha melhor versão."

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Hoje, inicio parafraseando Eliana Rigol, ao nos contar sobre sua maternidade em "Afeto Revolution" (2020). A maternidade é o primeiro lugar que vem a mente de muitas de nós, quando pensamos nos papéis sociais que a vida nos coloca. Uma escolha que há uma década nem imaginaríamos que seria o nosso maior atravessamento, ao nos laçarmos no mercado de trabalho ou na carreira do serviço público.

O mês de março nos mobiliza e expande, sempre. Em nossas falas ou de nossas pares, encontramos o que nos acolhe e liberta nossas ancestralidades femininas. Em evento realizado no Rio de Janeiro no início desse mês, em discurso de abertura, uma líder nos provoca: "Sigo aprendendo com vocês e compartilhando o que temos a oferecer, e entendo que falamos a partir de nosso conhecimento e de nosso coração, sim, porque nós, mulheres, agimos e propomos políticas públicas a partir, também, do que o nosso coração nos direciona".

Todas as mulheres presentes se permitem, a partir daí, a se posicionarem, entendendo imediatamente que este seria um espaço de confiança mútuo. Nós, mulheres, não almejamos romantizar nossa voz e voto, mas acreditamos que temos a liberdade de nos referir ao que vem do nosso coração, ao propor, formular políticas públicas, ou realizar acordos de cooperação.

Eliana já nos dá indícios de que "... tocar uma alma humana é ato poderoso. Afeto que afeta e pode gerar onda, cascata, torrente. Um sentimento tão necessário. Tão em falta. E por isso, hoje revolucionário." Por este lugar fazemos nossas escolhas e, não nos enganemos, priorizar ações faz parte de análises profundas, de diagnósticos territoriais complexos, mas, principalmente, da escuta das mulheres que serão abarcadas por cada política pública, em suas diversidades - "de raça, classe, idade, capacidades, etnia, religião, sexualidade, língua, educação, etc" (#Unstereotype Alliance & ONU Mulheres, 2023)

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Pelo olhar destas diversidades é que pautamos a igualdade de gênero. Nesse processo, carregado, inclusive, por todos os nossos atravessamentos, é que nos debruçamos sobre algo tão urgente e ao mesmo tempo, recente na agenda das políticas públicas, que é a Autonomia Econômica da Mulher.

Atualmente, as gestoras públicas apontam, de maneira unanime, para a inserção desta pauta em suas ações. Desde 2019, com o Projeto Lidera Mulher, de capacitação profissional e formação de rede de liderança no empreendedorismo feminino, realizado no município de São Gonçalo/RJ, me comprometo com o debate desta pauta.

Em 2022, na imersão pelo MLG na Blavatnik School of Government (University of Oxford) refletimos sobre a teoria da mudança, que nos aponta que para o efetivo rompimento do ciclo da violência, devemos reforçar a atuação com autonomia econômica da mulher.

Muito temos a avançar nesse debate e estamos dispostas, enquanto gestoras e líderes públicas, cada uma dentro de nossas competências, a debater com demais gestoras, acadêmicas, líderes públicas e da sociedade civil para a efetivação de políticas públicas para mulheres que se concretizem como políticas de estado e promovam alternativas para as situações de vulnerabilidades enfrentadas por diversas mulheres.

Com isso, o Mês de Março, sim, motiva muito ao nosso chamado para o diálogo e para agirmos nesse sentido, nos colocando à disposição, junto as demais mulheres que nos cercam e nos inspiram, para co-construírmos mudanças, por meio de redes diversas e espaços de trocas.

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