Bolsonaristas compartilham postagens do PCO com críticas a Alexandre de Moraes

Ministro do STF mandou bloquear contas do partido nas redes sociais; legenda repete atuação de grupos de apoiadores do presidente Jair Bolsonaro em ataques à Corte

PUBLICIDADE

Por Redação
Atualização:
2 min de leitura

Após o ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes determinar o bloqueio dos perfis e canais do Partido da Causa Operária (PCO) nas redes sociais, apoiadores do presidente Jair Bolsonaro usaram grupos em aplicativos de mensagens para atacar o magistrado e compartilhar manifestações do partido sobre Moraes.

Autodenominada de extrema-esquerda, a sigla é alvo do inquérito das fake news desde o início do mês – apuração sobre ofensas, ameaças e notícias falsas contra o Judiciário que também avançou sobre blogueiros e militantes bolsonaristas.

No WhatsApp, a decisão do ministro uniu argumentos bolsonaristas aos do partido, que atua como oposição ao governo de Bolsonaro. Apoiadores compartilharam publicações em que o PCO chama Moraes de “ditador” e diz que a Corte deveria ser dissolvida. Em outras ocasiões, a legenda também chamou o magistrado de “skinhead de toga” com “sanha por ditadura” e “tucano fascista”.

O presidente do PCO, Rui Costa Pimenta, rebateu decisões do ministro do STF Alexandre de Moraes e disse ser "crime" ter opinião política no Brasil; atuação do PCO nas redes contra o magistrado repete a de alguns grupos de apoiadores do presidente Jair Bolsonaro Foto: Sérgio Castro/AE

No Telegram, grupos de apoio ao presidente dividiram opiniões sobre o bloqueio das contas do PCO, com alguns integrantes acusando Moraes de cometer um “crime” contra o Partido da Causa Operária e outros alegando que o partido “prega a luta armada”.

A sigla também já usou as redes para acusar o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) de tentar fraudar as eleições para impedir uma eventual vitória do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A narrativa é similar a de apoiadores do presidente Jair Bolsonaro, que acusam possível fraude nas urnas.

Afirmações como estas já levaram ao bloqueio de contas e a operações policiais contra blogueiros bolsonaristas autorizadas por Moraes. O PCO é conhecido por defender a liberdade de expressão a qualquer custo, em retórica similar a dos opositores no outro espectro político.

Continua após a publicidade

Entenda o caso

A decisão de Moraes foi proferida após as plataformas entrarem com uma série de recursos contra a decisão dada pelo ministro no início do mês – na qual Alexandre disse ver indícios de que a estrutura do PCO tem sido usada “indevida e reiteradamente” para “impulsionar a propagação das declarações criminosas” e “ataques escancarados e reiterados às instituições democráticas”.

Em uma das manifestações, o presidente do partido, Rui Costa Pimenta, defendeu que “no Brasil ter determinada opinião política é crime. Não é agora, sempre lutamos contra isso”. O ministro deu 24 horas para que Twitter, Instagram, Facebook, Telegram, Youtube e Tik Tok bloqueassem as redes do PCO.

Em outras ocasiões, militantes do PCO também se uniram a bolsonaristas em torno da “liberdade de expressão”. O partido defendeu, por exemplo, o direito do apresentador Monark de endossar a formalização de um partido nazista no Brasil, o que fez durante um episódio do Flow Podcast, em fevereiro deste ano.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.