Após o ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes determinar o bloqueio dos perfis e canais do Partido da Causa Operária (PCO) nas redes sociais, apoiadores do presidente Jair Bolsonaro usaram grupos em aplicativos de mensagens para atacar o magistrado e compartilhar manifestações do partido sobre Moraes.
Autodenominada de extrema-esquerda, a sigla é alvo do inquérito das fake news desde o início do mês – apuração sobre ofensas, ameaças e notícias falsas contra o Judiciário que também avançou sobre blogueiros e militantes bolsonaristas.
No WhatsApp, a decisão do ministro uniu argumentos bolsonaristas aos do partido, que atua como oposição ao governo de Bolsonaro. Apoiadores compartilharam publicações em que o PCO chama Moraes de “ditador” e diz que a Corte deveria ser dissolvida. Em outras ocasiões, a legenda também chamou o magistrado de “skinhead de toga” com “sanha por ditadura” e “tucano fascista”.
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No Telegram, grupos de apoio ao presidente dividiram opiniões sobre o bloqueio das contas do PCO, com alguns integrantes acusando Moraes de cometer um “crime” contra o Partido da Causa Operária e outros alegando que o partido “prega a luta armada”.
A sigla também já usou as redes para acusar o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) de tentar fraudar as eleições para impedir uma eventual vitória do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A narrativa é similar a de apoiadores do presidente Jair Bolsonaro, que acusam possível fraude nas urnas.
Afirmações como estas já levaram ao bloqueio de contas e a operações policiais contra blogueiros bolsonaristas autorizadas por Moraes. O PCO é conhecido por defender a liberdade de expressão a qualquer custo, em retórica similar a dos opositores no outro espectro político.
Entenda o caso
A decisão de Moraes foi proferida após as plataformas entrarem com uma série de recursos contra a decisão dada pelo ministro no início do mês – na qual Alexandre disse ver indícios de que a estrutura do PCO tem sido usada “indevida e reiteradamente” para “impulsionar a propagação das declarações criminosas” e “ataques escancarados e reiterados às instituições democráticas”.
Em uma das manifestações, o presidente do partido, Rui Costa Pimenta, defendeu que “no Brasil ter determinada opinião política é crime. Não é agora, sempre lutamos contra isso”. O ministro deu 24 horas para que Twitter, Instagram, Facebook, Telegram, Youtube e Tik Tok bloqueassem as redes do PCO.
Em outras ocasiões, militantes do PCO também se uniram a bolsonaristas em torno da “liberdade de expressão”. O partido defendeu, por exemplo, o direito do apresentador Monark de endossar a formalização de um partido nazista no Brasil, o que fez durante um episódio do Flow Podcast, em fevereiro deste ano.
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