Bolsonaro diz assumir responsabilidade por inflação após demitir ministro das Minas e Energia

Em mais um evento do agronegócio, presidente afirma que alta dos preços é consequência do ‘abre e fecha’ na pandemia e volta a culpar governadores e prefeitos

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Por Bibiana Borba e Gustavo Porto
Atualização:
2 min de leitura

Pressionado pelo custo eleitoral da inflação, o presidente Jair Bolsonaro (PL), que busca a reeleição, afirmou nesta quinta-feira, 12, que “assume sua responsabilidade” pela alta dos preços no País. A declaração foi dada um dia depois da demissão do ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque.

“O Brasil está tendo inflação, aumento de combustíveis, sei disso e assumo a minha responsabilidade”, afirmou o presidente, sem citar qual seria seu grau de responsabilidade pelo cenário econômico, em visita à 10ª Feibanana, em Pariquera-Açú, no Vale do Ribeira, em São Paulo.

No discurso, o chefe do Executivo nacional voltou a culpar governadores e prefeitos pelo que chama de “abre e fecha” do comércio e serviços desde o começo da transmissão da covid-19. Segundo ele, a consequência disso foi uma inflação generalizada no mundo todo. “O Brasil é um dos que menos estão sofrendo com a questão da inflação”, afirmou.

“Nossa economia se manteve vigorosa porque o homem e a mulher do campo não pararam na pandemia”, falou, ao público formado principalmente por trabalhadores e empresários do agronegócio.

O presidente Jair Bolsonaro durante evento no Vale do Ribeira; ao seu lado, o ex-ministro Tarcísio de Freitas, pré-candidato ao governo de São Paulo Foto: Amanda Perobelli/Reuters

Bolsonaro tem buscado minimizar os efeitos da inflação e também colocado a culpa na Petrobras, que reajusta os preços conforme a cotação internacional do petróleo. O presidente já classificou o lucro da estatal como um “estupro”.

Em abril, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) chegou a 1,06% e, no acumulado de 12 meses, fechou em 12,13%. A saída de Bento Albuquerque se deu no mesmo dia da divulgação do índice de preços.

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Como mostrou o Estadão, os indicadores frearam a recuperação de Bolsonaro nas pesquisas de intenção de voto. Pesquisa da Genial/Quaest divulgada nesta quarta-feira, 11, mostrou que a economia aflige 50% dos eleitores – 14% disseram outros problemas e 13% citaram a pandemia.

Ao lado do presidente no evento desta quinta-feira, estavam o ex-ministro da Infraestrutura e pré-candidato ao governo de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), a deputada Carla Zambelli (PSL) e outros aliados.

Em tom de campanha, Bolsonaro mencionou que ele e Tarcísio frequentaram a Academia Militar das Agulhas Negras e citou ações de expansão do plano ferroviário nacional em sua gestão. Já em um aceno ao mercado e às cobranças por privatizações, o presidente afirmou que “quem cria emprego não é o governo federal, e sim a iniciativa privada”, mas que o setor público colabora com os que empregam no País. “Primeiramente, não atrapalhando quem quer produzir”, afirmou.

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