Bolsonaro diz que ofício da Defesa é ‘técnico’: ‘Não podemos ter eleição sob manto da desconfiança’

Presidente afirma que irá conversar com ministro quando retornar ao Brasil: ‘Tomei conhecimento agora’

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Foto do author Beatriz Bulla
Foto do author Aline Bronzati
Por Beatriz Bulla e Aline Bronzati (Broadcast)
Atualização:

LOS ANGELES – O presidente Jair Bolsonaro disse que o ofício enviado ao ministério da Defesa com pedido para facilitar a auditagem de urnas eletrônicas por partidos políticas é “técnico”. Ele voltou a falar que a Defesa levantou “centenas de vulnerabilidades” sobre a eleição e a criticar o Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

“Não podemos ter eleições, está lá no ofício, sob manto da desconfiança e dá tempo”, afirmou. “Uma (sugestão) muito importante que foi da sugestão de uma apuração simultânea, não sei porque não aceitam isso. Se eu sou presidente do TSE, aceito todas as sugestões, discutimos e chegamos a um denominador comum”, disse.

O presidente Jair Bolsonaro falou em uma reunião com o presidente Joe Biden durante a Cúpula das Américas, nesta quinta-feira, 9, em Los Angeles. Foto: Evan Vucci/AP

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“Tomei conhecimento agora. Quero analisar melhor na viagem. Pelo que eu sei é um ofício técnico”, disse Bolsonaro, sobre o texto enviado pela defesa ao Tribunal Superior Eleitoral.

Bolsonaro afirmou que irá conversar com o Ministro da Defesa quando chegar ao Brasil. Ele viaja de Los Angeles, onde participou da Cúpula das Américas, a Orlando hoje. A previsão é que retorne ao Brasil no sábado.

Em sintonia com a proposta do presidente Jair Bolsonaro, as Forças Armadas defenderam nesta sexta-feira, 10, que seja facilitada a auditagem das urnas eletrônicas por partidos políticos. A proposta consta em ofício encaminhado pelo ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, ao presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Edson Fachin.

Novamente, o presidente disse que as Forças Armadas encontraram vulnerabilidades no processo eleitoral. “Levantamos centenas de vulnerabilidades, oferecemos novas sugestões e, depois disso, o TSE se negou a discutir, o corpo técnico dele com o nosso dele com o nosso, buscando aí dirimir quaisquer dúvidas. Pode ser até que TSE esteja certo, mas logo depois o Fachin declarou que eleições se trata com forças desarmadas, não armadas. Por que convidaram (as Forças Armadas)?”, disse.

Biden

A investida de Bolsonaro contra o sistema eleitoral era um dos temas espinhosos da passagem do brasileiro pelos Estados Unidos.

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O presidente americano, Joe Biden, deixou claro para o presidente Jair Bolsonaro que os Estados Unidos esperam que o resultado da eleição brasileira seja respeitado, segundo a porta-voz em português do Departamento de Estado americano, Kristina Rosales.

O presidente Jair Bolsonaro (à esq.), o presidente colombiano Ivan Duque (centro) e o presidente norte-americano Joe Biden (à dir.) sorriem depois de posar para uma foto de grupo com outros líderes durante a 9ª Cúpula das Américas em Los Angeles, nesta sexta-feira, 10. Foto: Jim Watson/AFP

Questionado sobre o teor da conversa, Bolsonaro afirmou que “conversou por alto”sobre o sistema eleitoral brasileiro. “Não estou aqui trazendo problemas do Brasil para cá. Não vou entrar nessa discussão”, disse.

“Todos nós queremos, como a grande parte do TSE quer, eleições limpas, transparentes e auditáveis”, acrescentou.

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Diante de Biden, Bolsonaro defendeu a realização de eleições justas e “auditáveis”. Bolsonaro tem feito repetidas investidas contra o sistema eleitoral brasileiro, com acusações sem prova sobre a confiabilidade do processo de voto. Quando defende que as eleições sejam auditáveis, Bolsonaro argumenta que o sistema atual não é passível de auditoria, o que é incorreto. Ele já chegou a sugerir, inclusive, que as Forças Armadas façam uma contagem paralela de votos e têm colocado em xeque a imparcialidade de ministros do Tribunal Superior Eleitoral, responsável pela realização de eleições.

Nesta sexta-feira, a diplomacia americana afirmou que o assunto foi tratado com e que os EUA esperam que Bolsonaro cumpra seu compromisso de deixar o cargo de forma democrática, se perder a eleição.

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