BRASÍLIA - Após o presidente Jair Bolsonaro voltar sua artilharia para o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), auxiliares do Palácio do Planalto receberam a informação de que o Congresso não vai mais votar a medida provisória que cria o contrato Verde e Amarelo.Segundo um interlocutor do presidente, a decisão de deixar a MP caducar foi vista no Palácio do Planalto como uma espécie de "vingança" da cúpula do Congresso após a troca de farpas públicas entre Maia e Bolsonaro em entrevistas à CNN na noite de quinta-feira, 16.
Inicialmente, a votação da MP estava prevista para esta sexta-feira, 17. A medida reduz impostos às empresas na contratação de jovens de 18 a 29 anos e pessoas acima de 55 anos. O texto perderá a validade se não for aprovado pelos senadores até segunda-feira, 20. As bancadas ainda vão discutir se a medida será votada, mas a tendência é a MP caducar.
Em entrevista à CNN ontem, Bolsonaro disse que a atuação de Maia é “péssima” e insinuou que o parlamentar trama contra o seu governo. Em resposta, Maia afirmou que não vai atacar o presidente, mas sim "jogar flores". Atribuiu as críticas a uma tática de Bolsonaro de tentar mudar o assunto quando enfrenta noticiário negativo. Desta vez, segundo o presidente da Câmara, a estratégia seria para tirar o foco da demissão de Luiz Henrique Mandetta do Ministério da Saúde, em plena crise da pandemia do coronavírus.
No Palácio do Planalto, os ataques do presidente a Maia foram encarados como um desabafo após o parlamentar ter feito críticas ao Executivo nos últimos dias, embora auxiliares de Bolsonaro ressalvem que o momento não era o ideal. As declarações ocorreram logo após o anúncio do novo ministro da Saúde, Nelson Teich, que substitui Mandetta no cargo.
Em nota conjunta, as cúpulas da Câmara e do Senado relataram temor de que a demissão prejudique o combate ao novo coronavírus no País.
No Planalto, a possível derrubada a MP Verde e Amarelo é vista não apenas como uma resposta aos ataques feitos ontem ao presidente da Câmara. Seria também uma resposta à insatisfação dos dois com a saída de Mandetta.
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