BRASÍLIA - O presidente Jair Bolsonaro entregou mais um cargo ao Centrão. O Diário Oficial da União desta quinta-feira, 7, traz a nomeação do advogado pernambucano Tiago Pontes Queiroz como secretário nacional de Mobilidade do Ministério do Desenvolvimento Regional. A pasta é comandada por Rogério Marinho.
O Estado apurou que Queiroz foi uma indicação do deputado Sílvio Costa Filho (Republicanos-PE), em um negociação que envolveu o presidente da sigla, Marcos Pereira (Republicanos-SP). O advogado já ocupou outros cargos na máquina pública. Em março, havia assumido a Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) de Pernambuco, órgão que também é vinculado ao Ministério do Desenvolvimento Regional.
O novo secretário ainda ocupou cargo no Ministério da Saúde durante o governo de Michel Temer. No início de 2019 ele foi denunciado pelo Ministério Público por irregularidades em contratos da pasta, no mesmo processo em que o ex-ministro da pasta Ricardo Barros (PP-PR) é alvo.
A secretaria de Mobilidade é o segundo cargo que Bolsonaro entrega Centrão. Sob pressão de aliados e após sofrer sucessivas derrotas políticas, o presidente começou ontem a distribuir cargos aos partidos do Centrão, em troca de votos no Congresso, ressuscitando a velha prática do “toma lá, dá cá”. No casamento de papel passado, o Progressistas emplacou um indicado para o comando do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs), autarquia com orçamento de R$ 1 bilhão neste ano.
A nomeação saiu no Diário Oficial da União de quarta-feira, um dia depois de o Centrão ter apoiado o governo em votações importantes. O bloco ficou alinhado ao Palácio do Planalto, anteontem, durante votação na Câmara da proposta que prevê o socorro a Estados e municípios. Ao contrário de outras ocasiões, quando impunham reveses a Bolsonaro, líderes do bloco foram ao microfone para orientar votos conforme os interesses do Executivo.
O nomeado para o Dnocs é Fernando Marcondes de Araújo Leão. A autarquia sempre foi controlada pelo MDB, mas o presidente permitiu que a indicação fosse feita por Arthur Lira, líder do Progressistas (antigo PP) na Câmara e réu em processo por corrupção passiva.
Lira, por sua vez, repassou o apadrinhamento para o deputado Sebastião Oliveira (PL-PE), representante do baixíssimo clero da Câmara, transformando a indicação numa “barriga de aluguel”. Ao terceirizar a escolha, ele desagradou a parlamentares do Progressistas, mas a estratégia faz parte dos planos para a construção de uma base de apoio na disputa pela presidência da Câmara, em fevereiro de 2021. O Estadão apurou que Lira também quer reunir partidos menores, como PSC, Patriotas e Avante, para fortalecer sua possível candidatura e espera o apoio de Bolsonaro.
Correções
Diferentemente do que informou inicialmente, a indicação do advogado Tiago Pontes Queiros para a secretaria de Mobilidade do Ministério do Desenvolvimento Regional partiu do Republicanos, e não do Progressistas.
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