Bolsonaro: peço a Deus todos os dias que brasileiros não experimentem dores do comunismo

Presidente cumpriu agendas em eventos cristãos em duas capitais nordestinas, Natal e Fortaleza

PUBLICIDADE

Foto do author Luana Pavani
Por Juliana Estigarribia , Célia Froufe , Luana Pavani , Izael Pereira e Ícaro Carvalho, especial para o Estadão
Atualização:

BRASÍLIA E SÃO PAULO - Às vésperas do início oficial da campanha eleitoral e, segundo pesquisas, atrás do pré-candidato do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, o presidente Jair Bolsonaro (PL) repetiu durante uma missa em Natal (RN), neste sábado, que espera que o Brasil não passe por um regime de esquerda. “Tudo para nós é ensinamento. Nada tememos, nem a morte - a não ser a morte eterna. Isso nos leva aos mártires que nos ajudam a solidificar a nossa fé. Toda manhã me levanto e faço algo que me dá forças para vencer: rezo um Pai Nosso e peço a Deus que o nosso povo, vocês, brasileiros, não experimentem as dores do comunismo”, declarou, sendo ovacionado pelos fiéis que acompanhavam o culto.

Prefeito de Natal, Álvaro Dias, ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, ex-ministro do Desenvolvimento Regional Rogério Marinho e o presidente Bolsonaro, em missa em Natal. Foto: Reprodução/Twitter @rogeriosmarinho

PUBLICIDADE

De acordo com o chefe do Executivo federal, ainda que ele estivesse num rito religioso e espiritual, é preciso ter consciência de que, na vida na Terra, são necessários bens materiais. “O mundo todo vem sofrendo as consequências do ‘fique em casa e a economia a gente vê depois’ e de uma guerra (no Leste Europeu)”, afirmou, fazendo referência ao momento mais agudo da pandemia.

No auge da crise sanitária, provocada pela covid-19, o presidente minimizou a pandemia e disse que a pressa para comprar vacinas não se justificava. Até julho, mais de 600 mil pessoas morreram por causa da covid no Brasil.

Ele acrescentou, no entanto, não ter se omitido no combate à covid. “Mais de 60 milhões de pessoas buscaram auxílio emergencial, nosso governo gastou o equivalente a 15 anos de Bolsa Família, o que seria dos mais humildes? Fizemos a nossa parte, eu não errei em nenhuma das minhas posições (sobre) a covid. Tomar decisões nunca é fácil, sempre vai ter alguém contrariado. Posso errar, mas não por omissão.”

Disse ainda que seu governo “nunca ousou fechar igrejas em ocasião da pandemia”, mesmo durante os momentos em que o isolamento era a estratégia recomendada para conter a contaminação, e acrescentou que não tomou a vacina e que isso é uma questão “de liberdade”.

Ao fim de sua primeira fala, Bolsonaro enfatizou quatro palavras que, segundo ele, são as mais importantes para as pessoas: Deus, pátria, família e liberdade.

Combustíveis

Bolsonaro voltou a falar durante um culto e afirmou que o lobby dos combustíveis é “fortíssimo”. A apoiadores, ele disse ter ido à Russia para buscar uma solução para a falta de produção interna de fertilizantes e de diesel.

Publicidade

“Fomos à Russia negociar fertilizantes, tudo que tratei com aquele presidente está sendo cumprido. Lamento a guerra da região, mas sou presidente do Brasil, estamos tentando (um acordo) para importar diesel de lá, que nós não temos capacidade de produzir, diesel e gasolina, com preço bem mais barato”, afirmou.

O presidente foi celebrado e recebeu presentes em missa na capital do Rio Grande do Norte. Foto: Ícaro Carvalho/Estadão

Bolsonaro disse ainda que o combustível vem caindo com as medidas adotadas pelo governo. “Com isso, vem a diminuição da inflação, tivemos uma super safra de milho, isso já fez baixar os preços dos ovos.”

O presidente também fez comparação com outros países quanto ao potencial de riquezas naturais do Brasil, como Israel e Argentina. “Nós temos segurança alimentar”, afirmou, em seguida criticando a oposição. “Querem tomar conta daquilo que a gente chama de Fazendão; mas o inimigo é interno, aquele que quer usar palavras doces para mentir.”

Ele relatou ainda a passagem por Juiz de Fora, cidade onde foi atingido por uma facada em 2018 e afirmou que os médicos teriam falado que em ferimentos como aquele, em 100 casos, 99 teriam morrido, então relacionou sua sobrevivência a um “milagre de Deus”.

Em Natal, o presidente assistiu a missa no Santuário dos Mártires e a culto da Assembleia de Deus, depois participou da Marcha para Jesus, prevista para começar às 14 horas.

Na sequência, Bolsonaro viajou para Fortaleza, onde foi, em motociata, até a Marcha para Jesus da cidade. Foi sua primeira visita à capital cearense desde que assumiu a Presidência.

Bolsonaro endossa vaias ao STF em Fortaleza

Durante a Marcha Para Jesus de Fortaleza, o presidente endossou vaias ao Supremo Tribunal Federal (STF) e pediu apoio a aliados políticos. “Essa é a voz do povo, a voz do povo é a voz de Deus”, disse o presidente após seus apoiadores vaiarem uma fala na qual ele citava a Suprema Corte.

Publicidade

O presidente disse que os problemas enfrentados por seu governo vêm de décadas, mas “hoje vocês sabem o que é a Câmara dos Deputados, o que é o Senado federal, o que é o Poder Executivo, e sabem também o que é o Supremo Tribunal Federal”.

O presidente também pediu apoio à pré-candidatura ao governo do Ceará do deputado federal licenciado Capitão Wagner (União Brasil). “Se o Brasil tem problema, chama o capitão. Se o Ceará tem problema, chama o capitão”, disse. O bolsonarista Alex Ceará, pré-candidato a deputado estadual, também recebeu o aval do presidente durante o evento com evangélicos. Outros políticos apoiadores foram citados diante de uma multidão.

Em altaPolítica
Loading...Loading...
Loading...Loading...
Loading...Loading...

Aos evangélicos, Bolsonaro voltou a citar a facada sofrida em Juiz de Fora (MG), durante a campanha de 2018, e disse que sobreviveu pela proteção de Deus. “Isso não é sorte, isso é a mão de Deus”. Ainda segundo o presidente, a sua permanência no governo se deve à benção divina. “A minha permanência, a minha existência não seria possível sem a mão de Deus”, disse.

O presidente também exaltou as ações de seu governo para ajudar na recuperação da economia após a pandemia do coronavírus. “Criamos programas para que não perdemos empregos no Brasil. Hoje vocês veem a economia reagindo, passamos agora há pouco da 13ª para a 10ª economia do mundo”.

Em referência ao projeto de lei que estabeleceu um teto de 18% para os combustíveis, energia, telecomunicações e transporte, o presidente ressaltou que junto com o Congresso, fez sua parte para possibilitar a redução do preço dos combustíveis.

Essa foi a primeira vez que o presidente participou do evento na cidade. Também estiveram em Fortaleza, assim como em Natal, a deputada Carla Zambelli (PL-SP) e o ex-ministro da Saúde Marcelo Queiroga.

Às vésperas da eleição e em desvantagem nas pesquisas de intenção de voto, Bolsonaro se dedica a agendas pelo Nordeste para tentar melhorar seu desempenho nas sondagens eleitorais.

Publicidade

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.