A campanha eleitoral começa para valer nesta terça-feira, 16. Candidatos à Presidência e a outros cargos competirão com ainda mais vigor pela atenção dos eleitores pelas próximas sete semanas. A maior parte dos eleitores se queixa do custo de vida e da desigualdade social, o que continua a favorecer o ex-presidente Lula. Mas a recuperação da economia e a queda da inflação, em parte fruto de medidas do governo, colocou o presidente Jair Bolsonaro com mais força no páreo.
A disputa está mais equilibrada, o que torna a campanha eleitoral ainda mais importante. Apesar do favoritismo de Lula, o jogo começa a ser jogado agora.
Para Lula, será importante manter a campanha com um foco muito grande no combate à pobreza e em medidas de mobilidade social. Lula precisa de uma campanha sobre assuntos concretos, que falem diretamente às pessoas que sentem dificuldades em levar comida para casa, ou que estejam preocupadas com o seu futuro em um país desigual. Isso implica manter em segundo plano o debate sobre os riscos à democracia brasileira – algo que tem peso em parte do eleitorado que já rejeita o presidente, mas é mais abstrato para a maioria dos eleitores.
A campanha de Lula precisará de sangue frio, pois Bolsonaro ainda deve subir mais nas pesquisas, e alguns institutos devem até mostrá-lo à frente em algumas simulações. Bolsonaro tentará construir um clima de virada, que pode se consolidar caso a campanha demonstre que a melhora recente da economia não é passageira e, mais importante, vai permitir às famílias mais oportunidades em educação, saúde e outras prioridades. O presidente também explorará com muito vigor a mensagem de que a volta de Lula é a volta da corrupção.
Por ora, o Auxílio Brasil ampliado ainda tem pecha de temporário e eleitoreiro entre muitos eleitores consultados por institutos de pesquisa. A campanha de Bolsonaro pode mudar isso – e por isso é tão importante para Lula que ele reitere fortemente sua imagem de empatia com os pobres. Mais importante ainda, o foco de Lula nos pobres e no combate à desigualdade o ajudará a consolidar o voto dos muitos eleitores que só estão com ele por rejeitarem o governo Bolsonaro. É um apoio sem empolgação, que pode escapar na reta final se eleitores insatisfeitos com o governo não se convencerem de que a volta de Lula seja uma opção melhor.
O conteúdo importa mais do que a forma. É claro que a presença nas redes sociais será bem importante – algo já notado pela campanha de Lula, que conta com a ajuda de André Janones para esboçar uma reação ao domínio de Bolsonaro na internet. A televisão também cumprirá um papel relevante. Mas, mais importante do que o veículo, será a mensagem das campanhas. No caso de Lula, ela precisa ir muito além da união contra Bolsonaro para confirmar sua condição de favorito.