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As relações entre Executivo e o Congresso

Opinião|Campanha começa com economia, e não democracia, no centro das atenções

Maior parte dos eleitores se queixa do custo de vida e da desigualdade social

Foto do author Silvio Cascione
Atualização:

A campanha eleitoral começa para valer nesta terça-feira, 16. Candidatos à Presidência e a outros cargos competirão com ainda mais vigor pela atenção dos eleitores pelas próximas sete semanas. A maior parte dos eleitores se queixa do custo de vida e da desigualdade social, o que continua a favorecer o ex-presidente Lula. Mas a recuperação da economia e a queda da inflação, em parte fruto de medidas do governo, colocou o presidente Jair Bolsonaro com mais força no páreo.

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A disputa está mais equilibrada, o que torna a campanha eleitoral ainda mais importante. Apesar do favoritismo de Lula, o jogo começa a ser jogado agora.

Para Lula, será importante manter a campanha com um foco muito grande no combate à pobreza e em medidas de mobilidade social. Lula precisa de uma campanha sobre assuntos concretos, que falem diretamente às pessoas que sentem dificuldades em levar comida para casa, ou que estejam preocupadas com o seu futuro em um país desigual. Isso implica manter em segundo plano o debate sobre os riscos à democracia brasileira – algo que tem peso em parte do eleitorado que já rejeita o presidente, mas é mais abstrato para a maioria dos eleitores.

Lula, Ciro, Tebet e Bolsonaro disputam a Presidência da República Foto: Carlos Ezequiel Vannoni/EFE, , Daniel Teixeira/Estadão, Gabriela Biló/Estadão e Bruna Prado/AP

A campanha de Lula precisará de sangue frio, pois Bolsonaro ainda deve subir mais nas pesquisas, e alguns institutos devem até mostrá-lo à frente em algumas simulações. Bolsonaro tentará construir um clima de virada, que pode se consolidar caso a campanha demonstre que a melhora recente da economia não é passageira e, mais importante, vai permitir às famílias mais oportunidades em educação, saúde e outras prioridades. O presidente também explorará com muito vigor a mensagem de que a volta de Lula é a volta da corrupção.

Por ora, o Auxílio Brasil ampliado ainda tem pecha de temporário e eleitoreiro entre muitos eleitores consultados por institutos de pesquisa. A campanha de Bolsonaro pode mudar isso – e por isso é tão importante para Lula que ele reitere fortemente sua imagem de empatia com os pobres. Mais importante ainda, o foco de Lula nos pobres e no combate à desigualdade o ajudará a consolidar o voto dos muitos eleitores que só estão com ele por rejeitarem o governo Bolsonaro. É um apoio sem empolgação, que pode escapar na reta final se eleitores insatisfeitos com o governo não se convencerem de que a volta de Lula seja uma opção melhor.

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O conteúdo importa mais do que a forma. É claro que a presença nas redes sociais será bem importante – algo já notado pela campanha de Lula, que conta com a ajuda de André Janones para esboçar uma reação ao domínio de Bolsonaro na internet. A televisão também cumprirá um papel relevante. Mas, mais importante do que o veículo, será a mensagem das campanhas. No caso de Lula, ela precisa ir muito além da união contra Bolsonaro para confirmar sua condição de favorito.

Opinião por Silvio Cascione

Mestre em ciência política pela UNB e diretor da consultoria Eurasia Group

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