A pergunta levou a uma reflexão: com as redes sociais, webcams e outros que tais, eu sobreviveria a uma campanha mais aguerrida? Resistiria aos ataques morais dos meus adversários? Minha vida virtual é compatível à carreira de um político?
Não, né?
Como qualquer usuário livre e saudável da internet, já ataquei todas as instituições que um candidato respeitável preferiria ter ao seu lado; já usei palavrões impossíveis de reproduzir neste blog; fiz afirmações descabidas e sem nenhuma base no real; e também defendi posições que, definitivamente, não estão no cardápio dos postulantes com mais chances de abocanhar uma vaga.
Não seria eleito nem para síndico do meu prédio.
Se quisesse ter uma candidatura sem máculas, precisaria apagar minha vida nas redes sociais. Pedir para deletarem todas as fotos que apareço com copo na mão, dançando ou fazendo alguma micagem suspeita.
Teria que nascer de novo. Ao menos virtualmente...
Acredito que muitos dos meus amigos sofreriam com o mesmo problema.
Eis uma geração de inelegíveis.
Por outro lado, minha vida real também está comprometida pela campanha política. Tenho uma dúzia de conhecidos prometendo um bullying infernal assim que a eleição acabar. Vídeos com minha performance no horário eleitoral devem me acompanhar por longos anos.
Ou seja, minha vida civil encerra minha carreira política. E minha carreira política acaba com minha vida civil. Se ficar o bicho...
Justo eu que já tinha enjoado daquela velha e otimista canção 'Don't Worry, Be Happy' ....