Lula, nosso educador, não deve ir ao mercado há pelo menos trinta anos. Donde o susto ante o preço da carne – a massa salarial de que se jacta amassada pelo grama da alcatra. O presidente já não lê bem o povo. Desconexão expressa na soberba de pretender ensinar as gentes a fazer aquilo que fazem diariamente: vender o almoço para ter o que jantar. Esse é o Brasil dos brasileiros.
Os alimentos estão caros e você, brasileiro pobre, tem de exercer a cidadania – o poder de escolha. Comprar amanhã. Comprar um similar. Comprar cada vez menos. Comprar nada. Fomos da promessa de picanha ao chefe do governo popular que garante o nosso direito de não comprar comida.

Seja rigoroso, cidadão. Consciência. Aprenda – gesto político – a não comprar hoje. E entenda que a culpa não é – nunca – do governo. É sua, seu relaxado. É também do comerciante, esse inescrupuloso – e então Lula se elogiará. “As pessoas não podem tirar proveito que o povo está comprando. As pessoas sabem que a massa salarial cresceu, então aumenta o preço.”
É o elogio à gestão artificial da economia, à sustentação do crescimento econômico insustentável, força que espalha a inflação. Elogio ao problema, pois. “O povo não pode ser extorquido”. É a inflação que extorque. Inflação que é efeito de o governo – para segurar-empurrar, por águia, o voo de galinha – investir na indução à demanda. O povo incentivado a consumir. Impulso não acompanhado pela produção. Inflação.
O governo dobrará essa aposta irresponsável. Aposta nas expansões fiscal e parafiscal. Vai gastar. O projeto é pedalar, abrir o teto solar de gastos, chegar ao ano eleitoral, barbarizar – e rolar a bomba (o esborrachar-se da galinha) para 2027.
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Na mesma entrevista em que quis educar o povo, Lula deu a senha sobre como planeja chegar – chegará – competitivo a 26: “Nunca houve tanto investimento do BNDES, do Banco do Brasil, da Caixa, do BNB e do Basa. Portanto, o crédito está crescendo e vai ter mais medidas anunciadas nos próximos dias.”
Investimento estatal. Crédito estatal. Mais e mais. Governo Dilma. Dilma III. O plano é pedalar 25, alcançar 26 e então garantir para si, qual Bolsonaro, uma PEC Kamikaze que lhe financie a tentativa de reeleição. Nós, os instados pelo presidente da República a exercer o direito de não comprar comida, lhe financiaremos a tentativa de reeleição.
Nós, os mesmos que bancamos o STF Fashion; que pagamos pelas gravatas com as quais o príncipe dinamarquês Barroso, mui presenteado, presenteará aqueles que o comedido-palestrante ministro da Corte constitucional visita mundo afora. “Ficou muito bonitinho”.
Perto do presidente do Supremo, Lula se torna manifestação máxima do homem que pisa no chão. No mundo inteiro não haverá indivíduo mais apartado da realidade que nosso recivilizador Barroso.