CCJ aprova PEC que autoriza prefeitos a descumprir gasto mínimo em educação

Gestores correm risco de punição por investir 25% do orçamento na área; municípios culpam pandemia 

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Por Izael Pereira
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2 min de leitura

BRASÍLIA – A Comissão de Constituição e Justiça e Cidadania (CCJ) da Câmara aprovou nesta terça-feira, 14, Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que autoriza descumprimento do investimento mínimo de 25% do orçamento em educação por gestores de Estados, Distrito Federal e municípios. A matéria será analisada em comissão especial e depois pelo plenário da Casa.

Pelo texto aprovado, governadores e prefeitos que deixaram de aplicar o gasto mínimo exigido pela Constituição com educação em 2020 e 2021 ficarão sem nenhuma punição. Por outro lado, precisarão compensar os valores não investidos até 2023.

Deputados críticos à PEC temem pela flexibilização dos gastos com educação, que, para eles, além de prejudicar a qualidade do ensino, poderiam também prejudicar a garantia de pagamento do abono salarial de professores. Foto: Cleia Viana/Agência Câmara

Como mostrou o Estadão, oito de cada dez prefeitos do País correm o risco de serem enquadrados na Lei de Responsabilidade Fiscal e até se tornarem inelegíveis por improbidade administrativa por não aplicarem este ano ao menos 25% da receita em educação. Os prefeitos culparam a pandemia, alegando que não havia no que investir, uma vez que as escolas ficaram fechadas quase o ano todo.

A PEC 13/2021 já havia sido aprovada no Senado e foi uma demanda dos prefeitos do País para evitar punições.

A estimativa de 81% dos municípios fora da regra é da Frente Nacional de Prefeitos (FNP), que também calcula o montante não aplicado: ao menos R$ 15 bilhões deixaram de ser investidos na educação básica (infantil, fundamental e médio, de 0 a 17 anos) desde o início da pandemia. O total se refere a 2020 e 2021.

O relator da proposta na CCJ, deputado Silvio Costa Filho (Republicanos-PE) votou pela aprovação do texto. Para Costa, a aprovação garantirá “a boa governança na educação, porque nós estamos preservando recursos na educação para que estes recursos sejam gastos da melhor forma possível pelos prefeito”, afirmou.

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Ainda segundo ele, não adianta obrigar os prefeitos a gastarem os recursos previstos “só para cumprir os 25% da educação, e muitas vezes gastando até de forma equivocada”. Costa defendeu ainda que a PEC não irá retirar recursos destinados à educação. “Pelo contrário, a gente está fortalecendo a educação brasileira porque a gente está preservando a boa qualidade do gasto público”, afirmou.

Deputados críticos à PEC temem pela flexibilização dos gastos com educação, que, para eles, além de prejudicar a qualidade do ensino, poderiam também prejudicar a garantia de pagamento do abono salarial de professores, assim como a licença-prêmio.

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