Com o início do ano legislativo, o governo Lula quer foco total na pauta econômica, considerada fundamental para a melhora da popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e, consequentemente, para suas chances de reeleição em 2026. Uma das primeiras missões de aliados do Palácio do Planalto é tentar evitar ruídos com o Senado. Para isso, querem um diálogo maior entre Davi Alcolumbre (União-AP), que voltou à presidência da Casa, e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
A “operação” para aproximar Alcolumbre e Haddad teve início na última quarta-feira, 29, em um jantar na casa do líder do governo no Congresso, Randolfe Rodrigues (PT-AP), que é do mesmo Estado do presidente do Senado. O encontro teve o objetivo oficial de prestar uma homenagem a Rodrigo Pacheco (PSD-MG), que deixou o comando da Casa após quatro anos, mas serviu também para que o chefe da equipe econômica pudesse interagir com Alcolumbre. Procurados, o senador e o ministro não comentaram.
A avaliação no Congresso é de que, para além de estreitar laços, o governo precisa controlar o “fogo amigo” da base aliada, que muitas vezes critica as propostas da própria Fazenda. Também há uma interpretação de que o Planalto precisa “empoderar” de fato a Secretaria de Relações Institucionais (SRI), responsável pela articulação política. O Centrão defende, inclusive, a troca do petista Alexandre Padilha pelo líder do MDB, Isnaldo Bulhões (AL), no cargo.
Segundo participantes do jantar ouvidos pela Coluna do Estadão, Haddad disse que sua agenda tem três eixos: responsabilidade fiscal; melhoria do ambiente de negócios, com apoio ao empreendedorismo; e transição ecológica. Aliados de Alcolumbre afirmam que ele também tem compromisso com esses pilares. O ministro indicou que neste começo de ano deve enviar ao Congresso apenas projetos que não sejam polêmicos. Mas o aumento da isenção do Imposto Renda (IR), defendido principalmente por petistas, segue no radar.

Como mostrou a Coluna do Estadão, Alcolumbre tem sido classificado por petistas como o “novo Lira”, em referência à difícil e volátil relação que o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), teve nos últimos dois anos com o governo. Por isso, o Planalto quer evitar qualquer problema com o senador. Haddad tinha boa relação com Lira e com Pacheco e também já tem proximidade com Hugo Motta (Republicanos-PB), que assumiu a presidência da Câmara.