Com a expectativa de a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) sair em questão de horas, Jair Bolsonaro convocou deputados do PL para uma reunião na manhã desta quarta-feira, 19. Os parlamentares começaram a fazer as contas para garantir que a Câmara paute a anistia aos condenados do 8/1, medida que pode acabar beneficiando o ex-presidente. O cálculo é o seguinte: é necessário ter o apoio de 80% das bancadas de Republicanos, União Brasil e PSD. Se esse patamar for alcançado, a liderança do PL pedirá que o presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), leve o projeto de lei para votação no plenário.
Bolsonaristas têm procurado os dirigentes das siglas para convencê-los a embarcar na ideia. O próprio Bolsonaro se reuniu com Gilberto Kassab, que comanda o PSD. Na Câmara, o líder do PL, Sóstenes Cavalcante (RJ), é o responsável pela contagem dos votos na Casa e pela interlocução com Motta. Ao mesmo tempo, Bolsonaro articula apoio à anistia no Senado. Nesta terça-feira, 18, o ex-presidente almoçou com senadores também para tratar do assunto e disse acreditar que há votos para aprovar o projeto.
Como mostrou a Coluna do Estadão, o mote dos atos de 16 de março convocados pela oposição, em todo o País, será a anistia aos condenados do 8 de janeiro de 2023. Bolsonaro chegou a desautorizar aliados que começaram a defender a palavra de ordem “impeachment já”. Organizadores da manifestação argumentam que a estratégia em curso é para desgastar ao máximo o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e deixar o governo “sangrar” até a eleição de 2026.
A PGR deve denunciar Bolsonaro ao Supremo Tribunal Federal (STF) na investigação sobre uma suposta tentativa de golpe de Estados em 2022 para impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Em novembro do ano passado, a Polícia Federal (PF) indiciou o ex-presidente e outras 36 pessoas no caso. “O PGR, se tiver juízo, vai pedir o arquivamento das denúncias. Ele é um bom constitucionalista e essa é a minha esperança”, declarou Sóstenes à Coluna do Estadão.
