A mudança no tom do ministro da Educação, Camilo Santana (PT), antecipada pela Coluna, foi crucial para convencer o relator do Novo Ensino Médio, Mendonça Filho (União-PE), e o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), a adiar a votação do projeto que trata das alterações no ensino. O ministro sabia que e a proposta fosse votada nesta terça, 19, o governo seria derrotado.
A articulação de Camilo começou na noite da segunda-feira, 18, quando ele deixou o MEC com uma papelada embaixo do braço e partiu para a residência oficial de Lira. Lá, teve uma conversa em tom amistoso com o presidente da Câmara e com Mendonça Filho. A atitude amenizou o atrito com Lira, que ficou irritado quando o ministro da Educação, temendo derrota em plenário, retirou a urgência constitucional do Novo Ensino Médio sem consultá-lo, em movimento antecipado pela Coluna.
Uma nova reunião, na manhã desta terça, com Camilo, Mendonça e o líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), também foi decisiva para amarrar o acordo.
Nos bastidores, porém, segue o impasse sobre a carga horária da formação básica dos estudantes. Mendonça não aceita mais que 2,1 mil horas, enquanto o governo quer, no mínimo, 2,4 mil horas.
Até esta semana, Mendonça estava disposto a resolver essa e outras divergências no voto. Mas outro fator que o levou sentar novamente com Camilo foi a estratégia do ministro, revelada pela Coluna, de articular mudanças na proposta quando ela for analisada pelo Senado. O relator agiu para negociar e evitar uma crise no próprio União Brasil, pois a relatora do Novo Ensino Médio será sua correligionária, senadora Professora Dorinha Seabra (TO).