Três deputados do PT votaram contra a urgência para um dos projetos do pacote de corte de gastos enviado pela equipe do ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Entre eles, o líder da bancada, Odair Cunha (MG), que alega erro na hora de depositar o voto. A orientação do Palácio do Planalto e da própria legenda era a favor de acelerar a tramitação do texto.
Causou desconforto entre parlamentares o fato de os petistas não terem colocado a digital justamente no projeto que muda as regras do Benefício de Prestação Continuada (BPC), ao mesmo tempo que outros partidos da base aliada eram cobrados a votar a favor. Essa proposta é uma das mais impopulares do plano de Haddad e o próprio governo já admite revê-la diante de resistências no Congresso.
Procurado, Odair disse que se enganou na hora de depositar o voto. “Mudei na hora e fiz declaração de voto”, afirmou o petista à Coluna do Estadão. O líder assinou um documento para explicar que houve uma falha na hora do registro no sistema e que deveria ter votado “sim” ao invés de “não”. “Dessa forma, meu voto acompanha a orientação da Federação Brasil da Esperança, da qual sou líder”, afirmou, no texto.
Trapalhadas à parte, alguns deputados consideraram muita coincidência o erro dos petistas. Além de Odair, as deputadas Erika Kokay (PT-DF) e Natália Bonavides (PT-RN) também votaram contra acelerar o projeto. As urgências para esse texto e também para outra proposta do pacote fiscal foram aprovadas com uma margem pequena na última quarta-feira, 4, após o PSD e o União Brasil se rebelarem contra o governo.
O BPC corresponde a um salário mínimo por mês e é pago a idosos de baixa renda e portadores de deficiência. O projeto do governo endurece as regras para obtenção do benefício, além de outras medidas de ajuste fiscal que integram o plano de Haddad.