O caso do empresário baiano Marcos Moura, conhecido como “rei do lixo” e com cargo de confiança no União Brasil, continua a assombrar o partido. Integrantes da sigla ficaram aliviados, em dezembro, com a soltura do correligionário porque temiam uma acordo de delação premiada. Mas o caso chegou agora ao Supremo Tribunal Federal (STF), por causa de uma citação ao deputado Elmar Nascimento (BA), que tem foro privilegiado. As investigações têm potencial para implodir a sigla e abalar os rumos das próximas eleições, na avaliação de caciques políticos. Esse desfecho teria mais efeito em 2026, já que o processo deve se arrastar ao longo deste ano.
Procurados, Elmar e o presidente da legenda, Antonio de Rueda, não responderam. Há um temor de que a investigação da Polícia Federal chegue a nomes de outros deputados, senadores e demais filiados da legenda com intenção de concorrer em 2026. Além do impacto direto nas candidaturas, esse cenário tiraria força do União Brasil nas negociações para a corrida presidencial. A sigla que tem três ministérios no governo Lula trabalha para lançar a candidatura do governador de Goiás, Ronaldo Caiado, ao Planalto.
Marcos Moura é suspeito de liderar um esquema de desvio de emendas parlamentares, em contratos fechados por prefeituras na Bahia, Tocantins, Amapá, Rio de Janeiro e Goiás. Moura foi indicado para ocupar um cargo no União Brasil pelo vice-presidente da legenda, ACM Neto. O ex-prefeito não é investigado.
A chegada do caso ao STF também pode gerar um embate direto da Corte com o senador Davi Alcolumbre, que é do partido e deve assumir a presidência do Senado em fevereiro. Parlamentares lembram que o provável sucessor de Rodrigo Pacheco (PSD) terá poder, por exemplo, para abrir uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) sobre “abusos de poder” do Judiciário. Procurado, Alcolumbre não respondeu.
