Com o Congresso prestes a voltar do recesso parlamentar e sob nova direção, há um clima de desconfiança entre aliados do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em relação ao PSD de Gilberto Kassab e ao União Brasil. Os dois casos envolvem as articulações do partido para as eleições de 2026, e interlocutores de Lula ouvidos pela Coluna do Estadão avaliam que o governo já deve apostar em um novo “núcleo duro” na Câmara, formado por Republicanos, PP e MDB. Tudo, porém, vai depender da acomodação das siglas na reforma ministerial, ponderam.
Antes entre os principais aliados na Casa, o PSD e o União Brasil agora estão mais distantes do governismo. Um já tem o governador Ronaldo Caiado (GO) como pré-candidato à Presidência em 2026. E no outro, Kassab deixa claro que está fechado com os projetos políticos do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas.
Curiosamente, porém, é justamente no partido de Tarcísio que o Planalto busca se ancorar na Câmara, após o PT fechar o acordo para apoiar a eleição de Hugo Motta (Republicanos-PB) para a presidência da Casa.
A relação com o atual presidente Arthur Lira (PP-AL) foi conflituosa, mas os petistas dizem que agora tudo será diferente porque o governo apoiou Motta desde o começo. As negociações entre o Planalto e o deputado paraibano incluíram até mesmo uma vaga no Tribunal de Contas da União (TCU), articulada pela presidente do PT, Gleisi Hoffmann, e pelo líder da sigla na Câmara no ano passado, Odair Cunha (MG).
O PP também poderá ficar mais “amarrado” ao governo caso Lira assuma o Ministério da Agricultura - o cenário tem sido cogitado no Planalto -, embora aliados do deputado alagoano o tenham aconselhado a não desembarcar na Esplanada, como mostrou a Coluna do Estadão.
Governistas têm visto até mesmo acenos do senador Ciro Nogueira (PI), presidente do PP, a Lula, apesar de ele manter em público discurso de oposição. Integrante do Republicanos, o ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, por sua vez, é cotado para o lugar de Alexandre Padilha na Secretaria de Relações Institucionais (SRI). Outro nome cogitado para o cargo é do líder do MDB na Câmara, Isnaldo Bulhões, que é visto como um grande aliado do governo.
