Ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) mostraram incômodo com a cerimônia de posse da presidente do Superior Tribunal Militar (STM), ministra Maria Elizabeth Rocha, na quarta-feira, 12. Em reserva, os ministros criticaram o fato de a solenidade ter sido no Teatro Nacional, em vez de no tribunal, e a demora do evento, que durou cerca de três horas, o dobro da gestão anterior, e teve pausas para apresentações musicais.
Na avaliação dos magistrados, a posse da presidência de um tribunal precisa seguir a liturgia da Justiça, e uma delas é acontecer no plenário onde as sessões ocorrem ou na Corte. No próprio STM, Maria Elizabeth enfrentou resistência dos pares para marcar a posse no Teatro Nacional.

A votação foi apertada. Os fardados tentaram abortar a ideia, considerada progressista demais para o tribunal mais antigo do País. Geralmente, o evento acontece no próprio STM, que não comporta o grande número de convidados. A ministra argumentou que o tribunal gastaria mais de R$ 200 mil só com o aluguel de toldos na sede da corte.
Além disso, os fardados que chegavam ao teatro se deparavam com uma placa lembrando que o maestro Claudio Santoro, que dá nome ao prédio, foi exilado pela ditadura militar, como mostrou a Coluna do Estadão.
Outra fonte de insatisfação foi a longa duração do evento. Durante a cerimônia de três horas, os ministros do STF Alexandre de Moraes, Edson Fachin e Cármen Lúcia deixaram seus lugares na primeira fila da solenidade e voltaram ao Supremo.
O presidente do STF, Luís Roberto Barroso, estava sentado à mesa com a presidente do STM e os outros chefes dos Poderes. Autoridades não esconderam o cansaço durante a posse. Ficaram usando o celular e fazendo anotações em papéis.
Além dos discursos do antigo presidente, da atual presidente e de um ex-ministro do STM, falaram à plateia uma representante da advocacia e um representante do Ministério Público. Durante a posse, houve apresentação de músicas compostas por Heitor Villa-Lobos e Johann Bach, entre outros.