O procurador-geral da República, Paulo Gonet, afirmou nesta terça-feira, 18, na denúncia ao Supremo Tribunal Federal (STF) contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e outros 33 no inquérito do golpe, que o grupo criminoso buscava “controle total sobre os três Poderes”. Gonet concluiu que Bolsonaro liderou as articulações para dar um golpe de Estado.
“Buscava-se o controle total sobre os três Poderes; neles se dispunha sobre um gabinete central, que haveria de servir ao intuito de organizar a nova ordem que pretendiam implantar; um deles se encerrava com esta expressiva frase: ‘Lula não sobe a rampa”, escreveu Gonet, fazendo alusão a planos golpistas apreendidos pela Polícia Federal com os denunciados.
Dentro do planejamento para impor uma ruptura democrática no Brasil, afirmou a PGR, o grupo cogitou usar armas de fogo contra o ministro do STF Alexandre de Moraes e envenenar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Para a PGR, o 8 de Janeiro foi uma “associação criminosa” para “destruir com violência o Estado Democrático de Direito”, e o general Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa de Bolsonaro, teve atuação “indiscutível” no movimento golpista. A denúncia citou 108 vezes a expressão “organização criminosa” e 34 vezes a expressão “golpe de Estado”.
Em outro trecho da denúncia de 272 páginas, Gonet afirmou ao STF que a atuação constitucional de generais foi “determinante” para conter um golpe de Estado no País.
Defesa de Bolsonaro chama denúncia de ‘precária’
Em nota, a defesa de Jair Bolsonaro rebateu a denúncia da PGR chamando-a de “inepta”, “precária” e “incoerente”. Os advogados do ex-presidente também alegam que a denúncia é baseada em um acordo de colaboração “fantasioso” do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens da Presidência.
O posicionamento de Bolsonaro também afirma que, “a despeito dos quase dois anos de investigações, (...) nenhum elemento que conectasse minimamente o (ex-) presidente à narrativa construída na denúncia foi encontrado”.