O senador Sérgio Moro (União-PR) quer copiar uma medida adotada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e deve apresentar proposta na volta dos trabalhos legislativos para classificar o PCC (Primeiro Comando da Capital) como grupo terrorista. Ele revelou a intenção à Coluna do Estadão, nesta quinta-feira, 23, após a Justiça Federal do Paraná condenar oito pessoas ligadas à organização criminosa que elaborou um plano para sequestrá-lo.
“O PCC deve ser tratado como uma organização terrorista. Talvez seja o caso de se espelhar no ato recente do Trump que equiparou juridicamente os grandes cartéis de drogas a organizações terroristas”, afirmou.
De volta à Casa Branca, o presidente americano publicou uma série de decretos, entre eles um que designa carteis de drogas como organizações terroristas. A medida põe esses grupos no mesmo patamar de organizações como a Al-Qaeda.
“Ao invocar o Alien Enemies Act de 1798, direcionarei nosso governo a usar todo o poder imenso da aplicação da lei federal e estadual para eliminar a presença de todas as gangues estrangeiras e redes criminosas que trazem crimes devastadores para o solo dos EUA, incluindo nossas cidades e centros urbanos”, declarou Trump em seu primeiro discurso após tomar posse.
O que aconteceu para Sérgio Moro virar alvo do PCC
Sérgio Moro passou a ser alvo do PCC quando era ministro da Justiça e da Segurança Pública do governo Jair Bolsonaro e atuou pela transferência para presídios federais de Marcos Henrique Camacho, o Marcola, e mais 21 suspeitos de integrar a facção.
A decisão foi determinada pela Justiça Estadual de São Paulo, após pedido do Ministério Público, feito ainda em 2018. Entretanto, foi na gestão de Moro no Ministério da Justiça que criou condições para a transferência.
Em 2023 a Polícia Federal começou a prender pessoas ligadas ao PCC acusadas de participar do plano para atacar servidores públicos e autoridades, incluindo Moro e seus familiares.
Nesta quinta-feira, 23, o senador agradeceu às instituições envolvidas na investigação e pelo resultado do julgamento, e cobrou avanço para identificar os mandantes. “Agradeço ao MPE/SP, à PF, à polícia de SP e do PR, ao MPF e à JF pelo trabalho realizado. Falta descobrir o mandante do crime e a investigação da PF precisa continuar com este objetivo”, disse num post nas redes sociais.
Sérgio Moro também deu detalhes do resultado do julgamento. “Segundo a sentença, queriam retaliar-me pelas ações duras contra o crime organizado realizadas durante a minha gestão no Ministério da Justiça e Segurança Pública. As penas maiores chegam a catorze anos e nove meses de prisão. Três acusados foram absolvidos e dois dos criminosos originariamente acusados foram assassinados pelo próprio PCC na prisão”, contou.