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Comitê responsável por edital da Arena Pernambuco era comandado por governador do Estado e prefeito do Recife

Paulo Câmara e Geraldo Julio, do PSB, então secretários, eram os principais dirigentes do Conselho para obras no estádio que agora é alvo de ação da PF; investigações apuram esquema de faturamento no contrato firmado entre governo estadual e Odebrecht

Foto do author Andreza Matais
Por , Andreza Matais e Fabio Fabrini
Atualização:

BRASÍLIA – O Comitê Gestor responsável pelo edital de construção da Arena Pernambuco teve como seus principais dirigentes o prefeito do Recife, Geraldo Julio (PSB-PE), e o governador de Pernambuco, Paulo Câmara (PSB-PE). O estádio, uma das 12 sedes da Copa, é alvo da Operação Fair Play, deflagrada nesta sexta-feira, 14, pela Polícia Federal para apurar um suposto esquema de faturamento no contrato firmado entre o governo de Pernambuco e a construtora Odebrecht.

Arena Pernambuco, na Grande Recife Foto: José Patrício/AE

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Em 2009, quando estava sendo discutido o edital de exploração do estádio de Pernambuco, Julio e Câmara eram, respectivamente, presidente e vice-presidente do Comitê. Eles ocupavam as secretarias de Planejamento e Gestão e de Administração de Pernambuco, à época governado por Eduardo Campos, morto há um ano em acidente aéreo.

Investigadores suspeitam que houve fraude na concorrência que viabilizou a parceria público-privada para a obra da Arena, firmada entre o Estado e a Odebrecht em fevereiro de 2010. Embora não figurem entre os investigados, Câmara e Julio presidiam o comitê que lançou o edital para a obra. A suspeita é a existência de um esquema de superfaturamento de R$ 42 milhões nas obras.

O Estado teve acesso a uma ata do Comitê de 17 de dezembro de 2009, quando o grupo discutiu, entre outros assuntos, “a publicação do Edital de Concessão Administrativa para a exploração da Arena Multiuso (depois rebatizada de Arena Pernambuco) da COPA 2014 no dia 21 de dezembro de 2009”, diz o documento.

Foram alvo da ação da PF o escritório da parceria público-privada, no Recife, e unidades da Odebrecht. Além da sede da construtora, no Rio de Janeiro, e os escritórios de São Paulo, Salvador, Recife, Belo Horizonte e Brasília foram alvos de buscas e apreensões. Maior construtora do País, a Odebrecht foi a responsável por quatro estádios da Copa. O governo de Pernambuco e a prefeitura do Recife ainda não se manifestaram sobre o caso. Em nota, a construtora, que também é alvo da Operação Lava Jato, classificou as ações como "injustificáveis".

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