Depois da tormenta das últimas 72 horas, o Congresso deve ter, pelo menos, quatro dias de calmaria a partir de hoje. De volta às suas bases eleitorais, os parlamentares terão até a próxima terça-feira para refletir e digerir politicamente a repercussão dos últimos lances da disputa pelo comando da Câmara e do Senado. A consolidação das candidaturas de Aécio Neves (PSDB-MG) à Presidência da Câmara e de Jader Barbalho (PMDB-PA) à Presidência do Senado abalou o PFL, mas o jogo ainda não acabou. O líder do partido e candidato avulso à Presidência da Câmara, Inocêncio Oliveira (PE), "queimou as caravelas", declarando-se em oposição ao "governo opressor". A solidariedade de seus companheiros provocou a rejeição de uma medida provisória, causando embaraços ao governo. Entretanto, os próprios pefelistas reconhecem que essa postura do partido não deve prosperar. "Estamos tentando administrar o prejuízo", confessa um parlamentar que integra o grupo político do presidente do Senado, Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA). Os contadores do PFL estão calculando se a rebeldia ensaiada nesta semana é ou não suficiente para preservar alguns espaços no governo. Se for, o risco de o presidente Fernando Henrique Cardoso sofrer um novo revés, mesmo no caso da restrição das medidas provisórias, é pequeno. Do contrário, a aliança do PFL com a oposição pode causar novas surpresas.
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.