Convocada pela Comissão de Agricultura da Câmara dos Deputados, a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, disse nesta terça-feira, 21, que defende uma pauta de conciliação com o agronegócio e reafirmou que a sua pasta está empenhada em ações de enfrentamento às mudanças climáticas.
Iniciativa dos parlamentares Rodolfo Nogueira (PL-MS) e Zé Vitor (PL-MG), a convocação tem por objetivo esclarecer acusações de que o Ministério do Meio Ambiente age reprimindo “os produtores rurais”. Em sua colocação, o deputado Nogueira citou dois exemplos de ações que considera inapropriadas. “Para a senhora, nós somos o ‘ogronegócio’, os vilões do campo. Vi recentemente ações absurdas, como ameaçar suspender o Cadastro Ambiental Rural dos produtores. É um escárnio com quem coloca comida na mesa do Brasil e do mundo. Outro absurdo foi o confisco de gado por parte do Ibama, órgão ligado ao seu ministério. Essa ação pode facilmente ser vista como apropriação indébita, ou seja, crime.”
Conjuntamente, a bancada agro ainda criticou uma portaria publicada pelo Ministério que aumenta as responsabilidades do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) e isso, segundo os parlamentares, pode torna mais difícil o licenciamento ambiental para o setor.
Em suas respostas, a ministra Marina destacou que a pasta sob seu comando está focada no combate ilegalidades praticadas por uma minoria de membros do agro. “Aqueles que defendem queimadas e grilagem não podem ser os porta-vozes do agro brasileiro, porque eles vão trancar as portas e as oportunidades que o Brasil tem de cumprir com a missão de ajudar na segurança alimentar do planeta”, disse ela.
De acordo com Marina, o gado que foi confiscado pelo Ibama estava indevidamente localizado em área protegida no Estado do Pará.
Em sua fala na comissão, a ministra também manifestou respeito ao agronegócio e disse admirar os esforços de modernização tecnológica. Por fim, ela ainda lembrou das ações recentes do governo em apoio ao setor, como o Plano Safra focado na transição para a agricultura de baixo carbono.
“O Brasil é uma potência hídrica, é uma potência florestal, é uma potência ambiental e, talvez por isso, seja uma potência agrícola. É perfeitamente possível ser as três coisas sem destruir mais florestas, pelas vantagens comparativas que temos. Basta usarmos as áreas que já estão abertas e, pelo uso de tecnologia, aumentarmos a produção por ganho de produtividade”, afirmou.
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