O sócio-fundador do Banco Opportunity, Daniel Dantas, chegou no começo da tarde à 6ª Vara Criminal da Justiça Federal, em São Paulo, para prestar depoimento ao juiz Fausto Martins De Sanctis. Entretanto, de acordo com seu advogado, Nélio Machado, Dantas vai utilizar seu direito de permanecer calado durante o interrogatório. Questionado se seu cliente não queria "desabafar", como disse ontem à imprensa, Machado respondeu: "A expressão ''desabafar'' é uma expressão minha diante de todas essas injustiças, diante de toda essa quadra persecutória". Ele reconheceu, entretanto, que existe a oportunidade de seu cliente resolver falar algo durante o interrogatório: "Ele tem liberdade de eventualmente divergir da defesa técnica". E acrescentou: "Será uma decisão da sensibilidade própria dele, mas eu acredito que ele não irá contra a orientação que eu lhe dei". O advogado afirmou que as fitas que gravaram o encontro entre Hugo Chicaroni, Humberto Braz e o delegado da Polícia Federal Victor Hugo Rodrigues Alves Pereira na ocasião da suposta tentativa de suborno ao delegado, são inaudíveis. Além disso, segundo ele, há imagens na televisão que não constam nos autos. O suposto suborno visaria retirar os nomes de Dantas e seus familiares das investigações da Operação Satiagraha. Para Machado, o processo está viciado. "Eu vou apresentar uma petição ao juiz onde eu reitero as várias imperfeições, as várias irregularidades", disse, e arrematou: "Eles têm o dever de arrumar essa forma de autuar o procedimento". Eu tenho o direito de ver os autos no original." E acrescentou: "Enquanto essa situação perdurar dessa maneira, meu cliente vai se abster". De acordo com o advogado, sua orientação para Dantas foi para que ele não responda às perguntas do juiz. Hugo Chicarotni também será interrogado hoje na 6ª Vara Criminal da Justiça Federal e também já chegou ao local.
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