Defesa de Doria diz que qualquer decisão do PSDB contra tucano será contestada já no TSE

Pré-campanha do ex-governador prepara reação jurídica em eventual decisão da executiva nacional barrar candidatura e indicar apoio a Simone Tebet

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Por Pedro Venceslau
Atualização:
4 min de leitura

A pré-campanha do ex-governador João Doria à Presidência já prepara uma reação jurídica a uma eventual decisão da executiva nacional do PSDB de barrar sua candidatura e indicar apoio a senadora Simone Tebet (MS), pré-candidata do MDB. O paulista já havia se queixado da decisão tomada pelas cúpulas dos partidos de contratarem pesquisas para definir uma candidatura de consenso das duas siglas. O resultado desse levantamento deve ser anunciado nesta quarta-feira, 18.

Em resposta a Doria, o presidente do PSDB, Bruno Araújo, convocou para terça-feira, 17, uma reunião da direção da legenda após receber uma carta dura do ex-governador na qual ele pede que seja respeitada a “vontade democrática” do partido expressa no resultado das prévias do ano passado.

“Qualquer decisão contrária à pré-candidatura do João Doria nessa reunião será nula. A convocação foi genérica e não houve sequer o direito de defesa para o ex-governador. A executiva nacional não tem esse poder. Está tudo errado”, disse ao Estadão o advogado eleitoral do ex-governador, Arthur Rollo.

Aliados do ex-governador acusam o PSDB de “golpe”, após a contratação de pesquisas internas pelas cúpulas do seu partido e do MDB para a definição de uma chapa única na disputa ao Planalto. Como mostrou o Estadão, a sinalização de Doria de que pode recorrer à Justiça Eleitoral isolou ainda mais o ex-governador dentro do partido.

Especialista em direito eleitoral, Rollo foi contratado por Doria comandar sua estratégia jurídica. Segundo o advogado, dependendo do resultado do encontro desta terça, ele irá protocolar uma medida judicial junto ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

João Doria (PSDB) e Simone Tebet (MDB), pré-candidatos à Presidência; terceira via mira chapa única ao Planalto Foto: Tiago Queiroz e J.F.Diorio/Estadão

O gesto seria mais simbólico, já que, na avaliação de Rollo, qualquer anúncio da sigla seria inócuo. “O estatuto do PSDB tem regras bastante específicas. É a 1° vez que questionam o resultado de prévias no partido”, afirmou.

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Mais cedo, Simone Tebet diz que será candidata se vencer pesquisa, mesmo com ameaça de Doria de judicialização. “Nós aceitamos as regras do jogo e amanhã temos o resultado dela. Se porventura o meu nome for indicado na (pesquisa) quali, eu serei pré-candidata pelo meu partido, independente de outros partidos se somarem conosco ou não”, afirmou a senadora, durante palestra em ciclo de debates promovido pela Associação Comercial de São Paulo (ACSP).

Em outra frente, o coordenador da pré-campanha de Doria e presidente do PSDB-SP, Marco Vinholi, articula uma ofensiva nas redes sociais e aposta na militância tucana para evitar que o partido abra mão de ter candidato próprio.

“Vamos defender a manutenção do resultado das prévias e continuar com a pré-campanha. Politicamente o resultado das prévias fortalece nossa posição”, afirmou o dirigente.

FHC defende resultado das prévias e sai em defesa de Doria

A pré-campanha de Doria divulgou nesta segunda-feira, 16, um levantamento que aponta uma reação da militância tucana nas redes sociais após o presidente de honra do partido Fernando Henrique Cardoso sair em defesa do ex-governador em um tuíte pedindo respeito ao resultado das prévias.

Foram mais de 12 mil menções no Twitter, o que levou a hashtag DoriaPresidente aos trending topics em oitavo lugar, um dia depois da carta que Doria divulgou alegando que há uma tentativa de golpe em curso dentro do partido. O movimento atingiu 60 tweets por minuto, segundo a pré-camapanha.

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De acordo com a ferramenta TrendMap, que monitora Twitter, e a VTracker, que acompanha as demais redes, entre sábado e domingo foram registradas 21.792 interações em apoio a Doria diante do partido e na disputa pela presidência.

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