O ex-juiz Sérgio Moro pediu demissão nesta sexta-feira, 24, do Ministério da Justiça com um discurso contundente o presidente Jair Bolsonaro de tentar interferir politicamente no comando da Polícia Federal para obter acesso a informações sigilosas e relatórios de inteligência. “O presidente me quer fora do cargo”, disse Moro, ao deixar claro que a saída foi motivada por decisão de Bolsonaro.

Confira a opinião de colunistas e analistas do Estado:
Fausto Macedo e Andreza Matais: Moro atira no coração de Bolsonaro
Desprestigiado e desautorizado, com a demissão do diretor geral da PF Maurício Valeixo sem sua anuência, pior, sem seu conhecimento, Moro tenta evitar a completa desmoralização ao dar adeus ao ministério. Por isso apontou para o peito de Bolsonaro. E acusa o presidente de querer interferir na rotina de uma Polícia que age apartidariamente. Leia mais.
Eliane Cantanhêde: Moro abre espaço para o processo de impeachment de Bolsonaro
O ponto mais chocante foi quando Moro disse que Bolsonaro exige ter acesso direto ao diretor geral e aos superintendentes da PF e, inclusive, pasmem!, aos relatórios de inteligência e aos relatórios sigilosos sobre as investigações de corrupção e crime organizada. Isso é gravíssimo. Caracteriza crime de responsabilidade e tem uma dimensão muito maior do que as próprias pedaladas fiscais que deram base jurídica ao impeachment da então presidente Dilma Rousseff. A sombra do impeachment está se avolumando sobre Bolsonaro. Leia mais.
Vera Magalhães: Moro sai para ser pivô do impeachment de Bolsonaro Com o pronunciamento histórico que fez, Moro passa a encarnar dois tipos de personagens de processos anteriores de impeachment: o do aliado que rompe, como Pedro Collor com o irmão, em 1992, e do jurista que capitaneia o processo, como fizeram Janaina Paschoal, Miguel Reali Jr. e Hélio Bicudo no caso de Dilma Rousseff. Leia mais.
Vera Rosa: Moro desnuda farsa do combate à corrupção e antecipa jogo de 2022 A ferida aberta no bolsonarismo com a demissão do titular da Justiça, o mais popular do governo, é maior do que se imagina. O agora ex-ministro escancarou bastidores de conversas com Bolsonaro com detalhes que deixaram a República perplexa. Ao relatar pressões para defenestrar o então diretor-geral da Polícia Federal, Maurício Valeixo, Moro afirmou: “Falei ao presidente que seria interferência política. Ele disse que seria mesmo”. Leia mais.
Marco Antonio Teixeira: Bolsonaro acaba de construir seu maior adversário político Ao fritar Sérgio Moro, Jair Bolsonaro não apenas aumentou perigosamente o seu isolamento, como também construiu seu maior adversário político para 2022, caso seja candidato a reeleição ou termine o mandato. Moro poderá, inclusive, mostrar sua força política com a possibilidade de interferir já nessas eleições de 2020. Leia mais.
Davi Tangerino: Moro, delator Caberá a Augusto Aras, procurador-geral da República, reagir no plano dos crimes comuns. A prática de atos de ofício, com infringência à lei, pode dar corpo ao crime de prevaricação; a ingerência obstrutiva em investigações, pode inclusive ser punida como auxilio a organização criminosa. Além disso, Moro noticia que haveria falsidade ideológica no ato que exonerou Valeixo. Leia mais.
Arthur Trindade M. Costa: A Polícia Federal e sua luta por autonomia Durante o Governo de Jair Bolsonaro temos assistido tentativas de intervenção nas investigações em curso. O nome indicado para ser o próximo Diretor Geral pode acirrar ainda mais as disputas internas. Entretanto, a Polícia Federal já não pode ser vista como aquela dos anos 1980 e 1990. As tentativas de intervenção verificadas nos últimos anos não a abalaram. Pelo contrário, parecem ter fortalecia sua luta por autonomia. Leia mais.