Depois de três meses de afastamento, o candidato do PPS à presidência, Ciro Gomes, e o presidente nacional do PDT, Leonel Brizola, reaproximaram-se hoje, durante encontro de cinco horas, no Centro do Rio. Brizola sepultou a possibilidade de aliança com Ciro no início de outubro, quando o ex-governador gaúcho Antônio Britto, inimigo do pedetista, filiou-se ao PPS. "Não se tratou dessa ordem de problemas, embora nós tenhamos reconhecido a importância das questões estaduais. Procuramos fazer com que os problemas regionais venham ajudar a questão nacional e vice-versa", disse Brizola. A reunião de hoje teve um caráter mais técnico e girou em torno de programa de governo. Ficou acertado que a Fundação Alberto Pasqualini, do PDT, apresentará sugestões ao PPS. As negociações políticas para formalização de uma aliança continuam amanhã, durante reunião dos presidentes do PPS, senador Roberto Freire (PE), e do PTB, deputado José Carlos Martinez (PR), na casa de Brizola. "Bom seria que esses três partidos conseguissem formar uma aliança grande, até muito maior, com outras correntes, para evitarmos de cair na situação em que caiu a Argentina, com esse programa neoliberal que está aí", declarou o líder pedetista. Freire e Martinez também participaram da reunião de ontem, seguida de um almoço na sede do Instituto de Desenvolvimento com Justiça, ligado ao PPS. O presidente do PPS fez questão de lembrar que Antônio Britto não foi lançado ao governo do Rio Grande do Sul. Falando sobre problemas nos Estados, Brizola afirmou: "Esse é um sistema de causa e efeito. Entendam como quiserem. A nacional ajuda as estaduais e as estaduais têm que ajudar a nacional." Segundo Ciro Gomes, o PPS recolherá sugestões e propostas de partidos, instituições e grupos organizados para o programa de governo até o fim de fevereiro, quando farão um novo esboço. O ex-ministro evitou falar no ingresso do PDT em sua campanha. "Acerto político pode-se perguntar a partir de amanhã na reunião dos partidos." Brizola minimizou o rompimento com Ciro, ocorrido ano passado. "Nós nunca nos afastamos. Houve um interregno das festas e agora estamos tratando de recomeçar, retomar nossas preocupações", disse o ex-governador do Rio, convidado por Ciro para a reunião temática sobre o pograma do PPS, durou as 11h30 às 16h30. O diálogo foi interrompido no início de outubro, antes mesmo da filiação de Antônio Britto. Na época, Brizola declarou que "a partir dessa aliança com Britto, haverá um deslocamento do PPS para o campo conservador, neoliberal." Ciro, por sua vez, disse que Brizola tinha feito uma opção por Itamar Franco. O governador mineiro buscava, então, apoios para sua candidatura a presidente pelo PMDB. "Não quero ser um problema para o senhor e para a sábia condução que sempre soube dar ao partido que lidera", dissera Ciro, em fax enviado ao pedetista. Houve, em seguida, uma troca de cartas em que as farpas sobraram também para Roberto Freire que, nas palavras de Brizola, andava com "uma carrocinha" recolhendo adesões. Com as dificuldades de aliança do PDT, um grupo de pedetistas, liderado pelo maior inimigo de Antônio Britto, o ex-governador Alceu Collares, passou a defender a candidatura do próprio Brizola à presidência da República. O líder pedetista, porém, preferiu defender uma ampla coalizão de centro-esquerda para derrotar o candidato governista na sucessão presidencial.