A ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, disse ontem que o governo está com o "sinal amarelo" aceso diante dos indícios de corrupção em obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Segundo Dilma, o governo terá uma postura de "tolerância zero" com o desvio de verbas. Há uma semana, a Polícia Federal prendeu 38 pessoas, a maioria em Minas, na Operação João de Barro. Segundo a PF, os acusados controlavam contratos de R$ 700 milhões e contavam com a influência de prefeitos, deputados e servidores públicos graduados, inclusive do Ministério das Cidades. A ministra elogiou a operação. Para ela, a divulgação da ação da PF tem "um caráter dissuasório". Dilma afirmou que a Caixa Econômica Federal e a Controladoria-Geral da União (CGU) passarão "um pente fino" nos contratos de 17 municípios que apareceram nas investigações da PF. "Não achamos que ninguém é culpado antecipadamente, mas acendemos o sinal amarelo", disse. Em palestra sobre o PAC para os integrantes da Câmara Brasileira da Indústria da Construção no Rio, a ministra advertiu os construtores de que é preciso mudar a idéia comum no Brasil de que sempre há algum desvio no meio de um grande volume de obras públicas. "Não vamos compactuar com isso e teremos uma ação muito dura. Para o governo, é tolerância zero." Dilma explicou que o PAC tem dois níveis de controle. O primeiro, atribuído por ela à Caixa, é exercido por 3 mil engenheiros e arquitetos que fazem a "averiguação técnica" das obras. No outro nível, a CGU seria responsável por checar a legalidade dos procedimentos, entre eles os de licitação. Ela falou por mais de duas horas aos construtores e afirmou que o PAC "colocou a agenda do desenvolvimento na ordem do dia".