O marqueteiro João Santana, responsável pelas campanhas presidenciais do PT em 2006, 2010 e 2014, afirmou a procuradores da Operação Lava Jato, em Curitiba, que a presidente afastada Dilma Rousseff autorizou as operações de caixa 2 em sua campanha de reeleição. Ele e sua mulher, Mônica Moura, foram soltos na segunda-feira, 1.º, após pagamento de fiança de R$ 31,5 milhões, e estavam presos desde 23 de fevereiro deste ano. O casal negocia acordo de delação premiada com a força-tarefa.
De acordo com reportagem da revista Veja, Dilma convidou o marqueteiro a comandar sua campanha. Ele teria resistido em aceitar a missão por causa de problemas de pagamentos ainda nas eleições de 2010 e do cenário político mais acirrado. Segundo a publicação, a presidente afastada garantiu que não haveria atraso nos pagamentos e que o então ministro da Fazenda, Guido Mantega, e o ex-ministro Antonio Palocci se encarregariam de captar recursos para o caixa 2 com os doadores.
Em depoimento ao juiz federal Sergio Moro, Mônica e Santana haviam admitido que mentiram sobre recebimento de pagamento de campanhas. “Eu, que ajudei a eleição dela, não seria a pessoa que iria destruir a presidente”, disse ao juiz que coordena a Lava Jato.
Santana afirmou também que Palocci teria sido responsável por colher recursos paralelos já nas campanhas de 2006 e 2010.
De acordo com Veja, as informações de Santana vão revelar esquemas em outras campanhas do PT, em disputas por prefeituras, em eleições no exterior e também pagamentos de contas pessoais de Dilma, como cabeleireiros e assessores.
Procurada, a assessoria de Dilma não respondeu. A assessoria de Mantega não foi localizada e a de Palocci negou “categoricamente as alegações especulativas contidas na matéria” da revista e afirmou que “em 2006 não teve nenhuma participação na campanha presidencial e que em 2010 exerceu exclusivamente a coordenação política da campanha”.