O ex-ministro e deputado federal cassado José Dirceu disse nesta terça-feira, em Curitiba, que seu desejo é ver o Supremo Tribunal Federal (STF) julgar a denúncia da Procuradoria Geral da República de que ele seria "chefe da quadrilha" que desviou recursos públicos em favor do Partido dos Trabalhadores. "Eu quero ser julgado, quero que aprecie a denúncia, que se arquive porque a considero vazia", acentuou. "Começa-se a falar que vai prescrever, mas eu não quero a impunidade, quero o julgamento." Ele colocou em segundo plano qualquer movimentação para que o Congresso Nacional reveja a cassação de seu mandato e a inelegibilidade por oito anos, apesar de reconhecer que há apelos para isso. "Vou me concentrar no Supremo", disse. Segundo o ex-ministro, a denúncia precisa ser julgada em dois ou três anos, prazo que considera "razoável". Dirceu, que esteve em Curitiba para palestras e para um encontro com integrantes da ala Campo Majoritário, do PT, disse que há algumas entidades e personalidades mobilizando-se para colher assinaturas visando à anistia. "Não vou ter participação direta nisso", reforçou. Dirceu teve seu mandato cassado em 2005, mesmo sem provas documentais contra ele, pela suspeita de ter sido o mentor do esquema de caixa 2 do PT e do mensalão - pagamento de uma suposta mesada a parlamentares para votarem a favor de projetos do governo. O ex-ministro tem seus direitos políticos suspensos até 2015, quando estará com 70 anos. Apagão Aéreo O ex-ministro disse que está percorrendo o País para se defender das acusações e discutir política. Entre as questões discutidas está a crise aérea. "O apagão aéreo é o fim de uma era", afirmou. De acordo com ele, os problemas resultaram da não desmilitarização do setor, mesmo passados 22 anos do fim do regime militar, e da falta de modernização e manutenção dos equipamentos, além de salários aviltados e problemas de gestão. "A solução é resolver isso", acentuou. Para ele, não há necessidade de se realizar uma CPI para discutir os problemas dos controladores de vôo. "A oposição quer fazer uma CPI da Infraero, mas não consegue assinaturas, e a opinião pública não vai apoiar como apóia uma do apagão", disse. "Se querem investigar a Infraero peça uma CPI da Infraero, mas esses problemas da Infraero o Ministério Público e o Tribunal de Contas já estão investigando", continuou. "A CPI é para parar o Congresso, não aprovar o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), parar o País, criar crise institucional."
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