Diretor da PF diz que crimes por tentativa de golpe são gravíssimos e merecem ‘reprimenda à altura’

Chefe da Polícia Federal, Andrei Passos alegou que não compete ao seu cargo fazer análise política, mas pontuou que os casos de 8 de Janeiro, investigados pela corporação, não devem sair impunes

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Foto do author Weslley Galzo

ENVIADO ESPECIAL A BOSTON - Em meio à crescente discussão sobre o projeto de anistia dos condenados pelos atos golpistas de 8 de Janeiro, o diretor-geral da Polícia Federal (PF), Andrei Passos Rodrigues, afirmou que os casos apurados pela corporação são “gravíssimos e merecem reprimenda à altura”.

“Não me compete fazer avaliação política. Isso é um processo do Poder Legislativo, que vai se debruçar sobre a pauta, mas a minha opinião é bastante clara sobre isso”, disse Andrei em entrevista após palestrar na Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, durante a Brazil Conference.

O ditetor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues. Foto: Marcelo Camargo/Agencia Brasil

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Ainda na esteira das discussões sobre a anistia, Andrei afirmou que o inquérito que apurou o envolvimento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e de outros suspeitos, civis e militares, em uma suposta tentativa de golpe é “página virada”, pois se trata de um processo “relatado, concluído, consistente e com provas”.

O diretor da PF evitou comentar, no entanto, a possibilidade de a delação do tenente-coronel Mauro Cid ser revista ou anulada, como sugeriu o ministro Luiz Fux durante o julgamento da denúncia contra o núcleo de Bolsonaro no inquérito do golpe.

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“O que nós temos convicção, e isso está chancelado pela Procuradoria-Geral da República e pelo Supremo Tribunal Federal, é da retidão e do ajuste das condutas que nós buscamos e apuramos durante todo o processo de investigação”, argumentou.

Andrei ainda afirmou que a decisão da PGR de não denunciar Bolsonaro por envolvimento no esquema de fraude em cartões de vacinação foi um sinal de “independência” das instituições. A PF havia indiciado o ex-presidente e outras 16 pessoas.

Ao pedir o arquivamento do caso das vacinas, Gonet argumentou que o indiciamento de Bolsonaro teria se sustentado apenas na delação premiada de Mauro Cid, que disse ter recebido ordens do antigo chefe para modificar as informações na plataforma do Sistema Único de Saúde (SUS). O procurador-geral apontou a falta de provas autônomas para sustentar a denúncia.

“O que nós não podemos fazer é conluio, como foi feito recentemente e levou à anulação de diversos processos”, disse Andrei em alusão à operação Lava Jato, que, por vícios processuais e práticas inadequadas de juiz e acusação, levou à reversão das condenações diversos processos de políticos e empresários.

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*O repórter viajou a convite da Brazil Conference.

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