Doria e Aécio formam ‘aliança tática’ contra Araújo em reunião decisiva do PSDB

Adversários políticos, ambos rejeitam a possibilidade de a legenda abrir mão de ter candidato próprio ao Planalto

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Por Pedro Venceslau
Atualização:
2 min de leitura

O ex-governador João Doria e o deputado Aécio Neves são desafetos e adversários políticos no xadrez do PSDB, mas a conjuntura colocou os dois no mesmo lado na reunião decisiva da Executiva Nacional tucana marcada para as 16h desta terça-feira, 17, na sede da legenda em Brasília.

Ambos rejeitam a tese que será colocada à mesa de que o PSDB pode abrir mão de ter candidato próprio ao Palácio do Planalto pela primeira vez em sua história para apoiar a pré-candidatura da senadora Simone Tebet (MDB-MS).

O deputado mineiro e o ex-governador de São Paulo, que não se falam, estão se movimentando intensamente nos bastidores e trocando mensagens com os 34 membros da executiva e as bancadas do Congresso. Eles têm hoje um adversário em comum: o presidente do PSDB, Bruno Araújo.

Bruno Araújo se tornou adversário comum de Aécio Neves e João Doria Foto: André Dusek/Estadão

O motivo oficial da reunião desta terça-feira é discutir os argumentos jurídicos de Doria explicitados em uma carta divulgada no fim de semana - com o timbre de um renomado advogado eleitoral -, na qual o ex-governador defende que o resultado das prévias do ano passado deve ser respeitado.

A equipe de Doria chegou a elaborar um memorial da judicialização com o título: “Por que o resultado deve ser respeitado?”.

Segundo o texto, que foi obtido pela reportagem, o artigo 58 do estatuto do PSDB deixa claro que a Comissão Executiva Nacional não tem poderes especificamente para deliberar sobre “as diretrizes para alianças político-administrativas ou coligações partidárias”; IV – escolher os candidatos do partido aos cargos de presidente e vice-presidente da República, ou proclamá-los, quando houver eleição prévia para essa escolha”.

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Enquanto Doria se prepara para uma guerra jurídica, Aécio tenta convencer os colegas de que o PSDB não pode aceitar o papel de coadjuvante na disputa presidencial, o que não significa que o parlamentar mineiro apoie Doria. Longe disso.

A estratégia do ex-governador e candidato derrotado à Presidência em 2014 é empurrar o embate com Doria para a convenção do PSDB em julho. Até lá, os tucanos que defendem outro nome na urna eletrônica - Eduardo Leite ou Tasso Jereissati - podem reunir forças (leia-se delegados) para derrubar o resultado das prévias naquela que é a instância máxima do partido.

Esse roteiro prevê o esvaziamento da ofensiva jurídica de Doria, mas só será factível se o ex-governador não ganhar fôlego nas pesquisas até lá. No estado-maior do ex-governador essa é a palavra de ordem: reagir nos números e reduzir a rejeição até a convenção.

Aliados de Bruno Araújo dizem que o dirigente não acredita que Doria tenha forças neste momento para mobilizar uma tropa de choque na executiva, mas Aécio sim.

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