Economia é o centro desta eleição, e isso está ajudando Bolsonaro; leia análise

Pesquisa Datafolha mostra que chefe do Executivo ganhou três pontos entre os que dizem ganhar até 2 salários mínimos

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Por Mariana Carneiro

Arquirrivais nesta eleição, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL) parecem ter finalmente concordado em um ponto: a economia é o motor do pleito deste ano. E isso está dando vantagens a Bolsonaro neste momento.

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Desde o início, a principal aposta da campanha petista é empurrar o debate político para a arena da economia, com o diagnóstico de que a inflação, o desemprego elevado e um crescimento econômico pífio converteriam votos contra Bolsonaro.

Mas é no campo econômico onde o presidente tem colhido resultados neste momento. Em pouco mais de uma semana, a Petrobras reduziu duas vezes o preço da gasolina e agora promete pagar o maior valor em dividendos da história.

Pacote de bondades de Bolsonaro inclui, por exemplo, aumento temporário dos repasses do Auxílio Brasil Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil

O presidente também perdeu o pudor com as contas públicas e vai gastar mais R$ 42 bilhões em programas sociais, a maior parte antes da eleição. Ainda no campo econômico, prometeu manter o Auxílio Brasil em R$ 600 no ano que vem, mesmo sem saber como pagar, se apropriando de uma promessa feita por Lula.

A pesquisa Datafolha mostrou que Bolsonaro ganhou, no último mês, seis pontos no eleitorado feminino e três pontos entre os que dizem receber até 2 salários mínimos por mês, dois grupos majoritariamente “lulistas”.

Isso pode indicar que as promessas de bem-estar econômico, ainda que passageiras, estão contribuindo para o avanço do presidente nesses dois contingentes. E se a leitura estiver certa, quando o dinheiro começar a circular de fato, a partir de agosto, ele vai ganhar mais espaço.

É difícil imaginar que Bolsonaro conseguirá reverter toda a vantagem de Lula a tempo do primeiro turno, mas evidencia que a oposição marcou bobeira ao não brecar a iniciativa populista de Bolsonaro de ampliar gastos às vésperas da eleição.

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Até agora, o PT insiste na estratégia de manter a disputa no campo econômico. Lula ensaiou um slogan na entrevista que concedeu ao UOL nesta semana: “coma, se não o Guedes toma”, falando diretamente ao público que vai receber o dinheiro do governo.

No atual contexto, porém, falar de economia servirá a Bolsonaro, o que seus aliados já parecem ter entendido. Não à toa, Ciro Nogueira e companhia vêm dedicando comentários nas redes ao combate à pobreza e à crise econômica. Qual será a próxima promessa de Lula no campo econômico para rebater os adversários?

Se os dois quiserem sobreviver às dificuldades da economia que já se desenham para 2023, melhor não haver uma competição sobre quem será o mais populista.

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