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Eleições 2022: Veja a cobertura completa do debate presidencial da Globo

Foi o último encontro entre candidatos à Presidência da República antes do primeiro turno; confira destaques de cada bloco

Foto do author Ítalo Lo Re
Atualização:

Último encontro entre candidatos à Presidência da República nas eleições 2022 antes do primeiro turno, o debate da Rede Globo ocorreu na noite desta quinta-feira, 30, e foi marcado por embates entre os dois líderes nas intenção de voto: Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL) – em pesquisa Datafolha divulgada nesta quinta, o petista aparece com 50% dos votos válidos, enquanto o presidente tem 36%.

Participaram ainda os candidatos Ciro Gomes (PDT), Simone Tebet (MDB), Luiz Felipe D’Ávila (Novo), Soraya Thronicke (União Brasil) e Padre Kelmon (PTB). O debate foi dividido em quatro blocos e foi mediado pelo âncora do Jornal Nacional William Bonner, que teve de interromper os participantes por algumas vezes para pedir que respeitassem as regras. Confira abaixo os destaques:

Governos petistas em foco

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A escolha de temas no primeiro bloco era livre. Cada candidato deveria fazer uma só pergunta e responder uma só vez, em modelo que foi seguido durante todo o debate. Sorteado para fazer a primeira pergunta, o candidato Ciro Gomes questionou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre os indicadores dos governos petistas. Como exemplo, citou o aumento da taxa de desemprego no final do governo Dilma Rousseff, em 2016, e questionou a política monetária que, segundo ele, teria privilegiado os mais ricos. “É isso que o senhor deseja repetir?”

Lula afirmou que se trata de um recorte de um período negativo desencadeado pelo processo de impeachment de Dilma e citou feitos dos governos petistas. “Como é que os pobres tiveram 80% de aumento real na sua renda?”, disse. O ex-presidente perguntou, por fim, por que Ciro questiona os resultados se fez parte de gestões petistas. “Eu participei do governo e me afastei por conta das contradições graves em economia e, mais graves ainda, das contradições morais”, disse Ciro.

Padre Kelmon indicou o presidente Bolsonaro como respondente da pergunta seguinte, em “dobradinha” que foi vista em outros momentos do debate. Como tema, escolheu a pandemia de covid-19 e o Auxílio Brasil. O presidente exaltou a política e reforçou que 20 milhões de famílias recebem o auxílio – dado que foi citado também nas considerações finais de Bolsonaro. Aliados, os dois candidatos aproveitaram o momento para atacar o ex-presidente petista, que lidera as pesquisas de intenção de voto. “Era realmente uma cleptocracia, as falcatruas imperavam no nosso País”, disse Bolsonaro.

Bolsonaro, Lula e os sucessivos direitos de resposta

Lula pediu direito de resposta após ser citado na interação entre Padre Kelmon e Bolsonaro. O pedido foi deferido. Quando o petista foi ao púlpito, Bolsonaro, que deveria ter saído do local, ficou mais um tempo por lá e direcionou palavras a Lula. O microfone do presidente foi silenciado. “Se quer pedir direito de resposta, peça para a CPI”, disse o petista, referindo-se à CPI da Covid, que investigou a conduta do governo federal durante a pandemia.

O petista pediu “o mínimo de honestidade e de seriedade” do candidato à reeleição e citou as acusações de prática de rachadinha pela família Bolsonaro; os sigilos de 100 anos decretados pelo atual presidente para documentos referentes à sua administração; e os escândalos no Ministério da Educação, como a propina em ouro cobrada por pastores.

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Bolsonaro teve pedido de resposta concedido após a fala de Lula e voltou ao púlpito. “Mentiroso, ex-presidiário, traidor da pátria. Que rachadinha?”, questionou. “Nada tem contra o meu governo, nada. Deixe de mentir. Tome vergonha na cara, Lula”, continuou. Depois do embate, William Bonner, que mediou o debate, cobrou decoro dos presentes.

Em seguida, Lula voltou ao púlpito em novo direito de resposta. “É uma insanidade um presidente da República vir aqui e dizer o que ele fala”, respondeu. O petista disse que irá fazer um decreto para acabar com os sigilos de 100 anos determinados pelo presidente. “O presidente, quando aparecer aqui, por favor, minta menos”, concluiu.

Caso Celso Daniel e sigilo de 100 anos

Na vez de Bolsonaro, ele selecionou a candidata Simone Tebet e trouxe à tona o caso Celso Daniel (PT), prefeito de Santo André assassinado em 2002. Segundo o presidente, a candidata a vice na chapa de Tebet, Mara Gabrilli, teria feito uma afirmação sobre o envolvimento de Lula no caso. “Eu lamento essa questão ser trazida ao debate e ser dirigida a mim”, rebateu a candidata, dizendo que a pergunta deveria ser feita a Lula.

Em contragolpe, Tebet perguntou a Bolsonaro sobre a fome. O presidente atribuiu a piora da situação atual à pandemia e voltou a falar do Auxílio Brasil. Ele usou o final do tempo para se defender das acusações de má gerência da pandemia, afirmando que o decreto de sigilo imposto “em certas questões familiares”, citado por Lula, não existe. Levantamento do Estadão, entretanto, mostra que entre 2019 e 2022 o governo Jair Bolsonaro impôs segredo de 100 anos a informações que deveriam ser públicas em ao menos 65 casos.

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A senadora Simone Tebet relembrou sua própria participação na CPI da Covid e criticou a escolha de temas por Bolsonaro. “Lamentável, presidente, que o senhor não esteja aqui para falar do Brasil real e apresentar soluções”, disse.

Em novo pedido de resposta concedido, Lula voltou ao púlpito. “Eu confesso que estou incomodado de ter que pedir tanto pedido de resposta”, disse. “O Celso Daniel era meu amigo”, continuou, relembrando que a Polícia Civil e o Ministério Público do Estado de São Paulo deram o caso por encerrado.

Após ser mencionado por Bolsonaro durante debate da Globo, o Google registrou um aumento repentino nas buscas pelo nome do ex-prefeito de Santo André. O caso já foi alvo de ação na Justiça Eleitoral, que mandou remover conteúdos que façam associação da morte por desinformação. O Ministério Público encerrou as investigações sem nunca ter encontrado relação do PT com o caso.

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Novas acusações entre líderes nas pesquisas

No tempo restante do direito de resposta, o petista teceu novas críticas ao governo Bolsonaro. “Queria lembrar as pessoas que, graças ao que fizemos (no meu governo), fomos capazes de descobrir a corrupção e punir os culpados. Quando o nosso candidato (Bolsonaro) vem aqui e diz para apresentar vacinas, vou lembrar aqui alguns escândalos: 51 imóveis (pagos com dinheiro vivo), mansão de 6 milhões, rachadinhas de Queiroz”, apontou o ex-presidente.

Em seguida, Lula escolheu a candidata Soraya Thronicke para fazer perguntas e, como tema, escolheu a fome. “Qual a sua proposta para acabar com a fome nesse País?”, perguntou. A candidata falou de uma das suas principais propostas, o Imposto Único Federal, o que, segundo ela, poderia baixar os preços nos supermercados.

O debate, porém, retomou para o embate concentrado nos dois líderes as pesquisas. Logo após a resposta de Soraya, o presidente Jair Bolsonaro teve mais um direito de resposta concedido e elevou o tom. Iniciou chamando Lula de ex-presidiário e voltou a se dirigir ao petista: “Tu foi condenado por três instâncias por unanimidade, e o processo deixou de existir porque tinha um amiguinho no Supremo Tribunal Federal”, afirmou.

‘Kelson? Kelvin? Candidato Padre’

A candidata Soraya Thronicke errou o nome do candidato Padre Kelmon duas vezes antes de direcionar a ele uma primeira pergunta no debate. “Kelson? Kelvin? Candidato Padre”, disse, em fala que virou meme nas redes sociais. A questão de Thronicke foi sobre quantas vidas poderiam ser salvas durante a pandemia, caso as vacinas tivessem sido compradas com antecedência, e se ele não se arrepende de apoiar Jair Bolsonaro. Disse ainda que ele era “cabo eleitoral”. Combativo, Kelmon fugiu da questão e disse que “quem tem que se arrepender são os candidatos enganando o eleitor”.

Depois, enquanto Soraya falava, o candidato retrucou e William Bonner interrompeu o debate para relembrar as regras. “Nós temos milhões de brasileiros assistindo”, disse o apresentador. A medida foi tomada também em outros momentos.

Estreante nos debates, Padre Kelmon chamou atenção no último sábado, 24, ao participar do debate promovido pelo Estadão, Rádio Eldorado e outros veículos de imprensa. Além das dobradinhas feitas com o presidente Jair Bolsonaro para atacar a esquerda, outra situação do candidato chamou atenção do público: a dúvida sobre ele ser ou não sacerdote.

Depois do atrito entre Soraya e Padre Kelmon, Lula voltou ao púlpito após novo pedido de resposta. “Graças ao que fizemos para combater a corrupção, a corrupção foi descoberta e as pessoas, punidas”, disse. Para encerrar o primeiro bloco, Simone Tebet perguntou a Luiz Felipe D’Ávila. Ela voltou a falar de pandemia e perguntou a ele como lidar com problemas de saúde pública. “Nós precisamos ter um Estado que serve ao cidadão, e não que se serve do cidadão”, disse o candidato do Novo.

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Cotas raciais e desmatamento

No segundo bloco, temas pré-definidos foram sorteados pelo apresentador William Bonner. O primeiro a ser colocado em debate foram as cotas raciais, cuja lei foi promulgada há 10 anos. Sorteado para fazer a pergunta, Luiz Felipe D’Ávila focou a pergunta na corrupção, dizendo que ela seria prejudicial para a lei, e driblou a regra do debate que limita perguntas e respostas ao tema sorteado. A pergunta foi dirigida ao ex-presidente Lula, que rebateu afirmando que seu governo teve ações de destaque na inclusão social. “A lei de cotas nos dá a possibilidade de enfrentar o preconceito e dar ao povo periférico oportunidade de lutar por espaço no País”, destacou.

Respondendo a pergunta do candidato Padre Kelmon, Ciro Gomes defendeu a implementação de escolas em tempo integral para todos os níveis de educação. O pedetista exemplificou as iniciativas do Ceará, começando pela creche integral até o ensino médio profissionalizante. “Isso resolve a contradição das pessoas que não têm oportunidade, não estudam e nem trabalham. O ensino profissionalizante aumenta a retenção nas empresas”, respondeu Ciro, se referindo a acusações do Padre Kelmon de que as universidades são centros para formação de militantes de esquerda com camisas de Che Guevara.

O tema sorteado em seguida foi o combate ao racismo. Neste momento, a candidata Soraya Thronicke escolheu o Padre Kelmon e citou casos no governo Bolsonaro, como do assessor que foi denunciado no ano passado por fazer um gesto de conotação racista no Senado. O candidato do PTB, então, defendeu que todos têm de ser tratados de forma igual e voltou a atacar a esquerda, de forma ampla. Na última fala, Soraya chamou Kelmon de “padre de Festa Junina”, em novo embate com o candidato.

Em direito de resposta concedido posteriormente, Padre Kelmon rebateu: “Se alguém faltou com respeito foi a senhora por não saber o valor de um sacerdote, aquele homem que se dedica ao pobre e que traz Jesus Cristo”.

Orçamento secreto e Bolsonaro

O presidente Jair Bolsonaro questionou Felipe D’Ávila sobre o relacionamento entre o Executivo e o Legislativo, e as dificuldades nesse campo. D’Ávila se posicionou contra a prática de indicar parlamentares por apoio político e apontou que, durante o governo Bolsonaro, foi criado o orçamento secreto como “moeda de troca”.

“Outra coisa que me deixa triste são os aliados, a base aliada, onde você incluiu mensaleiros. Entendo que é difícil governar, mas não podemos ceder”, afirmou D’Ávila. O chefe do Executivo se defendeu, argumentando que não teve “nenhum centavo” do orçamento secreto. “O orçamento secreto não é meu, eu vetei. Depois virou uma realidade”, disse o presidente. “Não existe da minha parte qualquer conivência com esse orçamento.”

Revelado por uma série de reportagens do Estadão, o orçamento secreto foi gestado dentro do Palácio do Planalto, no gabinete do então ministro da Secretaria de Governo, general Luiz Eduardo Ramos. Na época, era ele o responsável por fazer a ponte entre o governo e o Congresso. Na prática, Bolsonaro abriu mão de decidir o que fazer com o dinheiro público em troca de apoio no Congresso e de preservar seu mandato de pedidos de impeachment.

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Em seguida, Simone Tebet fez uma pergunta para o presidente Bolsonaro sobre meio ambiente e destacou a alta das taxas de desmatamento nos últimos anos. “O que o senhor faria de diferente nos próximos quatro anos?”, perguntou. O presidente lembrou que morou no Mato Grosso do Sul e defendeu que trata-se de uma região que pega fogo periodicamente. “No corrente ano, não tivemos notícia de incêndios, nem no Pantanal nem na Floresta Amazônica, a não ser o que acontece corriqueiramente.”

Simone Tebet fez, em seguida, críticas à gestão do atual governo no meio ambiente e afirmou que Jair Bolsonaro “foi o pior presidente da história do Brasil nesse aspecto”, ao falar sobre as queimadas no Pantanal e na Amazônia. Em resposta, Bolsonaro disse que as queimadas ocorreram por conta das secas nos últimos anos e Tebet disse que Bolsonaro “mente tanto que acredita na própria mentira”, e voltou a defender medidas de preservação do meio ambiente.

Soraya Thronicke e Ciro Gomes debateram propostas para uma reforma fiscal. Conforme a candidata, sua proposta é substituir os impostos existentes por um único imposto sobre operações financeiras. “Também vamos desonerar a folha de pagamento e promover um programa de refinanciamento de dívida ativa. Esse pacote econômico que propomos é a maior questão do Brasil”, disse. Ciro Gomes concordou com a candidata sobre a necessidade de uma reforma fiscal e apresentou que, em seu governo, também pretende renegociar as dívidas das famílias e promover um massivo programa de emprego, retomando 14 milhões de obras paradas.

Padre Kelmon e William Bonner

No terceiro bloco, os temas voltaram a ser livres. O presidente Jair Bolsonaro e selecionou o candidato Luiz Felipe D’Ávila para responder. Citou o preço da gasolina e questionou sobre os prejuízos de a esquerda voltar ao poder. “Nós precisamos reindustrializar o Brasil”, disse o candidato do Novo, que defendeu a redução das funções do Estado. “Depois das eleições, vamos aprovar as reformas fiscais no Congresso”, prometeu Bolsonaro.

Em seguida, o Padre Kelmon fez uma pergunta a Lula sobre a prisão de líderes petistas. O petista chamou o candidato do PTB de “candidato laranja” – em alusão ao apoio explícito a Bolsonaro e à substituição a Roberto Jefferson, que teve a candidatura à Presidência rejeitada pelo TSE. Os candidatos começaram a discutir e, após sucessivas interrupções, o apresentador William Bonner cortou os microfones e, mais uma vez, pediu calma durante o debate e respeito às regras.

Luiz Felipe D’Ávila fez uma pergunta a Simone Tebet. “Eu quero privatizar as grandes estatais, e a senhora defende manter a privatização da Petrobras e outras”, apontou ele. Em seguida, a candidata defendeu “um Estado necessário para servir as pessoas” e fez algumas ressalvas: “O Estado tem de cuidar da Saúde, da Educação, da Segurança Pública.”

Após acusação de Ciro Gomes, que disse que a atual gestão tem tantos casos de corrupção como os governos petistas, Jair Bolsonaro voltou a repetir que não existem casos de delitos durante sua passagem pela Presidência. “Me aponte uma fonte de corrupção, não tem”, afirmou o candidato do PL. Ele também defendeu que as estatais passaram a ser lucrativas nos últimos anos e disse não ter gerência sobre o orçamento secreto.

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O ex-presidente Lula chamou Ciro fez uma pergunta sobre cultura. “Qual é a sua proposta para a cultura do nosso País?”, questionou. O pedetista respondeu que pretende recuperar a dinâmica política, recriando o Ministério da Cultura e revendo leis de fomento. “Quero adaptar as leis de fomento para que haja uma cota de estímulo a cultura popular”, descreveu Ciro. “Praticamente se concentram todos os recursos em São Paulo e Rio de Janeiro.”

Em um terceiro momento do embate, Soraya perguntou sobre educação para Padre Kelmon. Depois, Simone Tebet perguntou para Soraya Thronicke, também sobre educação. “Tivemos cinco ministros da Educação e um foi preso”, lembrou a candidata sobre o Ministério da Educação durante o governo Bolsonaro.

No fim do terceiro bloco, Bolsonaro teve um direito de resposta concedido para responder a candidata Soraya Thronicke sobre orçamento secreto.

Bolsonaro: ‘Tomou vacina quem quis’

No início do quarto bloco, a candidata Soraya Thronicke foi selecionada para fazer uma pergunta sobre Segurança Pública, mas o tema não foi abordado durante questionamento a Jair Bolsonaro. Na resposta, o presidente acusou a candidata de o atacar porque ele não deu cargos no governo federal pedidos por ela. “Três anos no governo, tranquilo, não atendendo pessoas como a senhora. Esse é o modelo que o Brasil precisava”, disse. Depois, Soraya perguntou se o presidente tomou a vacina contra covid. “Tomou vacina quem quis”, disse Bolsonaro, sem responder se foi imunizado.

Em direito de resposta concedido logo em seguida, Soraya se defendeu sobre ter sido chamada de candidata laranja por Bolsonaro. “O senhor me respeite”, disse. Ela questionou ainda o fato de o presidente não ter respondido se foi vacinado contra a covid e afirmou que retirou apoio ao presidente porque ele não carregou bandeiras de campanha.

A candidata Simone Tebet questionou o ex-presidente Lula se o petista privatizaria estatais deficitárias “que não prestam para nada”. Em resposta, Lula elencou os investimentos em gastos públicos durante a sua gestão, destacando financiamento de obras pelo BNDES, o Programa de Aceleração de Crescimento (PAC) e Petrobrás. “Não vou nem citar as obras no Mato Grosso do Sul, porque a senhora deve conhecer, pergunte ao Nelson Trad. Não existem estatais deficitárias, nem deveriam existir. Se [no meu governo] tiver uma estatal que não presta para nada, acabou”, afirmou.

Indicação de candidatos no MS e em SP

Bolsonaro teve um pedido de resposta concedido e pediu votos para o Capitão Contar (PRTB), candidato a governador em Mato Grosso do Sul. Em seguida, o presidente permaneceu no púlpito para perguntar ao Padre Kelmon. O presidente o questionou se a Lei Rouanet é o melhor caminho para incentivar a cultura brasileira. “Usaram direito público para promover desrespeito ao próprio corpo humano”, respondeu Kelmon, se referindo a peças de teatro em que os atores tirariam suas roupas e ficariam “pelados”.

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Bolsonaro concordou com o candidato e reiterou que “isso não é cultura”. “Por isso criamos, as leis Paulo Gustavo e Adir Blanc”, acrescentou. Durante a interação, o presidente voltou a destacar outro candidato a cargo público, o ex-ministro da Cultura e candidato a deputado federal por São Paulo, o ator Mário Frias (PL).

A candidata do União Brasil, Soraya Thronicke, afirmou que o governo Bolsonaro deixou de realizar as privações que considera necessárias e fez críticas à quantidade de empresas do tipo no País. ”O maior cabo eleitoral do PT e de Luiz Inácio Lula da Silva se chama Jair Bolsonaro”, criticou, ao final. Enquanto isso, Ciro Gomes ponderou a agenda de privatizações e criticou a atuação do Banco Central e do atual sistema financeiro.

Os candidatos à Presidência Simone Tebet e Felipe D’Ávila discutiram suas propostas de governo para a saúde, caso vençam as eleições. Tebet defende uma gestão sensível a necessidade dos brasileiros, especialmente aqueles que moram em comunidades distantes, e com fortes investimentos no Sistema Único de Saúde (SUS). “Precisamos equipar com aparelhos para fazer cirurgias, exames, consultas e parcerias, implantar tecnologia e fazer um prontuário único”, argumenta.

Em debate sobre habitação, Padre Kelmon fez elogios ao programa “Casa Verde Amarela”, projeto de habitação popular rebatizado no governo de Jair Bolsonaro. “Nós precisamos parar de falar muito e fazer mais”, disse Kelmon, em seguida, ao criticar o setor político e a falta de medidas sobre o tema.

Em resposta a Ciro Gomes, Lula criticou o que chamou de “irresponsabilidade da ocupação desordenada” no país. “Não é necessário plantar cana no Pantanal”, afirmou. Segundo ele, a ocupação e garimpo ilegais não serão permitidos em seu governo, caso eleito. Ciro também mencionou o tema, mas focou, ao final, em críticas sobre a falta de propostas para transferência de inteligência. “Cadê a transferência dessa inteligência que está nas universidade para virar política publica?”, questionou.

Após as considerações finais dos candidatos, o debate realizado pela Rede Globo com os presidenciáveis chegou ao fim, após mais de três horas de duração. O encontro foi o último antes do primeiro turno das eleições, que ocorrerá no próximo domingo, 2 de outubro.

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