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Bolsonaro diz ter ‘exército’ de apoiadores e que às vezes 'embrulha estômago' cumprir Constituição

Em ato do PL com forte tom eleitoral, presidente diz que sua luta é 'do bem contra o mal' e insiste em negar corrupção no governo, apesar da recente denúncia envolvendo 'gabinete paralelo' de pastores no MEC

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BRASÍLIA - Ao participar neste domingo, 27, de ato político do PL, o presidente Jair Bolsonaro disse que às vezes “embrulha o estômago” ter de cumprir a Constituição. Em discurso com tom eleitoreiro, o presidente afirmou, ainda, que tomará decisões "contra quem quer que seja" se tiver apoio de seu "exército" de apoiadores na disputa que chamou de "luta do bem contra o mal".

Bolsonaro fez referências indiretas ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, seu principal adversário político, e insinuou novamente que ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e até a imprensa querem tirá-lo do poder. Foi ao dizer que não há corrupção no governo, mesmo após o Estadão ter revelado a intermediação de verbas por pastores no Ministério da Educação, com pedido de propina, que o presidente mencionou a Constituição.

O evento tevetom eleitoreiro e foi marcado por conotação religiosa; para Bolsonaro, a disputa de 2022 é uma 'luta do bem contra o mal'. Foto: Evaristo Sa/AFP

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“Para defender a liberdade e a nossa democracia, eu tomarei a decisão contra quem quer que seja. E a certeza do sucesso é que eu tenho um exército ao meu lado, e esse exército é composto de cada um de vocês”, destacou Bolsonaro. “Por vezes, me embrulha o estômago ter que jogar nas quatro linhas (da Constituição), mas eu jurei e não foi da boca para fora", completou ele, reforçando a tese de que seus rivais e até mesmo a Justiça descumprem a Carta.

O "inimigo" do País, na visão do presidente, é interno, e não externo. "Não é uma luta da esquerda contra a direita. É uma luta do bem contra o mal. E nós vamos vencer essa luta", disse Bolsonaro no pronunciamento que arrancou poucos aplausos dos presentes. O coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, condenado em 2008 por tortura, na época da ditadura militar, foi chamado por ele de ‘velho amigo’.

Público

Convocado para lançar a candidatura de Bolsonaro ao segundo mandato, o encontro do PL acabou se transformando em ato para filiação ao partido. Advogados que atendem a equipe do presidente alertaram que era melhor mudar o escopo do evento para evitar problemas com a Justiça Eleitoral. Pela lei, a campanha só é permitida a partir de 16 de agosto. O ato ocorreu no mesmo dia em que o PL conseguiu liminar no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para proibir manifestações políticas no festival de música Lollapalooza, após as cantoras Pabllo Vittar e Marina criticarem o presidente. “Aqui não é local de fazer campanha para ninguém”, discursou Bolsonaro, em clima de comício. Os organizadores estimaram o público presente em 7 mil pessoas. Havia, no entanto, muitos espaços vazios no Centro de Convenções Internacional do Brasil, onde foi realizado o encontro.

Embora não tenha mencionado diretamente a crise no MEC e a pressão para demitir o ministro da Educação, Milton Ribeiro, Bolsonaro afirmou que “buscam qualquer coisa, qualquer gota d’água para transformar em tsunami” no governo. Em outro momento, disse que todos conhecem o seu comportamento. “Acabou a farra com dinheiro público”, declarou, sem mencionar o escândalo com os pastores.

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Vários ministros compareceram ao ato, como Ciro Nogueira (Casa Civil), Flávia Arruda (Secretaria de Governo), Tereza Cristina (Agricultura), Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional), Rogério Marinho (Desenvolvimento Regional) e Marcos Pontes (Ciência e Tecnologia). Bolsonaro fez questão de dar o microfone para Tereza Cristina, candidata ao Senado; Tarcísio de Freitas (Infraestrutura), que vai se filiar ao Republicanos nesta segunda-feira, 28, e entrará na disputa ao Palácio dos Bandeirantes, em São Paulo; e João Roma (Cidadania), ministro que deixou o Republicanos e se filiou ao PL para concorrer ao governo da Bahia.

O general Walter Braga Netto, ministro da Defesa e cotado para ser vice do presidente na chapa da reeleição, não compareceu ao ato. A ausência chamou a atenção e provocou dúvidas sobre a manutenção da candidatura do militar, que deve se filiar ao PL nos próximos dias. Já o general Augusto Heleno, outro militar que também pleiteava a vaga de vice, não só estava lá como fez questão de discursar e dizer que acredita no Brasil.

O Estadão apurou que Braga Netto não foi justamente para tentar desvincular o ato da roupagem de campanha. Dos 23 ministros de Bolsonaro, oito ou 9 devem deixar o cargo no fim desta semana para disputar eleições.

Na tentativa de se aproximar do público feminino -- segmento em que enfrenta rejeição --, Bolsonaro subiu ao palco com a primeira-dama, Michelle, que também tem aparecido mais em cerimônias no Palácio do Planalto. Além do ministro João Roma, filiaram-se neste domingo ao PL o titular de Ciência e Tecnologia, Marcos Pontes, e o líder do governo no Congresso, senador Eduardo Gomes (SE), que estava no MDB.

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