Bolsonaro justifica ausência em sessão da LDO com viagem de campanha

Pré-candidato disse que faltou na sessão para se preparar para viagem ao Pará; votação retirou do texto o veto de reajustes salariais aos servidores em 2019

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Por Vera Magalhães

SÃO PAULO - Pré-candidato à Presidência pelo PSL, o deputado federal Jair Bolsonaro (RJ) faltou à sessão do Congresso que votou, na madrugada de quinta-feira, a Lei de Diretrizes Orçamentárias – que fixa as balizas do Orçamento de 2019, o primeiro do próximo presidente.

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Na votação, deputados e senadores retiraram do texto a proibição para a concessão de reajustes salariais aos servidores no ano que vem. “Meu voto não ia fazer nenhuma falta lá. Nenhum deputado ia se indispor com milhões de servidores. Quem votasse dessa forma (mantendo a proibição a reajustes) ia ficar com essa marca na testa”, disse Bolsonaro ao Estado na sexta-feira, 13, quando questionado sobre a ausência numa votação decisiva para o futuro presidente.

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Bolsonaro justificou a ausência na sessão pela necessidade de se preparar para a viagem de campanha que faria ao Pará no dia seguinte. “Fui estudar os assuntos da viagem”, escreveu ele em mensagem enviada por WhatsApp antes de entrevista por telefone. Ele ainda fez a seguinte observação: “Talvez seja o recordista de faltas neste ano”.

Jair Bolsonaro, pré-candidato do PSL à Presidência Foto: Dida Sampaio/Estadão

Questionado sobre o excesso de faltas e se não pensa em se licenciar do mandato para a campanha, Bolsonaro respondeu: “Não tenho como sobreviver. Vivo deste salário e mais nada”.

Ele afirmou que nem sabia que a votação da LDO seria na madrugada de quarta para quinta. “Nem sabia que isso estava na pauta”, disse ele, sobre a segunda lei mais importante na definição do Orçamento. Afirmou que precisava “estudar os temas da viagem, para não chegar despreparado”. “A votação foi até duas horas da madrugada. Tenho 63 anos de idade.”

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Quanto à autorização para a concessão de reajustes aos servidores e se isso não vai impactar as contas públicas caso seja eleito presidente, minimizou: “O presidente chega lá e dá o reajuste se quiser. Não é obrigado”. Segundo ele, o eleito terá de resistir a uma pressão dos sindicatos.

Voltou a repetir que não quis ficar marcado como tendo votado contra os servidores: “Eu ia matar (a sessão) de qualquer jeito por causa da viagem. O que ia ficar era essa marca na testa”. “Sou um voto em 513. Ponto final”, disse ele, acrescentando que, como candidato, tem de ter “estratégia política”.

Ele aproveitou para comentar, na conversa, outra abstenção em votação, a do filho Carlos Bolsonaro, vereador do Rio, na discussão do pedido de abertura de impeachment do prefeito Marcelo Crivella. “Meu filho estava no exterior. Me ligou e perguntou se deveria voltar. Falei que não.” Ele afirmou que o impeachment foi uma orquestração entre o PSOL e vereadores como Rosa Fernandes, que estaria contrariada por ter perdido uma “teta no governo” por decisão de Crivella.

A abstenção para evitar pautas polêmicas não é novidade para Bolsonaro. Em 2017, já pré-candidato, se absteve na votação sobre a terceirização trabalhista. Na ocasião, afirmou que seria “massacrado” qualquer que fosse seu voto.

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