A presidente Dilma Rousseff voltou ontem ao horário eleitoral de Fernando Haddad (PT), que concorre à Prefeitura de São Paulo, para reforçar na TV a ideia de que ele seria o candidato dos mais pobres. O programa noturno foi inteiro voltado a propostas para melhorar a vida das pessoas mais carentes, que, segundo Haddad, seriam tratadas com "descaso" pela atual administração. "Nosso maior desafio é melhorar a vida de milhões de pessoas que passaram para a classe média. Também fazer prosperar os que ainda estão na pobreza. (Haddad) nos ajudou a melhorar o Brasil e pensa sinceramente nos mais pobres", afirmou Dilma. "Juntos podemos fazer muito pelos que moram nos bairros mais esquecidos de São Paulo."No domingo, reportagem do Estado mostrou que, mesmo após o nome de Haddad se tornar conhecido, o candidato do PRB, Celso Russomanno, continua liderando as intenções de voto em redutos petistas na periferia. Essa situação preocupa o comando do PT. Anteontem à noite, Haddad recebeu deputados e vereadores do partido para discutir como recuperar o voto petista "roubado" por Russomanno.Ontem, o programa de rádio de Haddad atacou nominalmente o candidato do PRB. Depoimento de uma suposta eleitora comparou Russomanno a Celso Pitta (1997-2000), apadrinhado político de Paulo Maluf (PP) que chegou a ser afastado do cargo. O líder nas pesquisas também foi comparado ao ex-prefeito por José Serra (PSDB) e Gabriel Chalita (PMDB) no rádio.'Mãos erradas'. À noite, na TV, o peemedebista foi ainda mais incisivo contra o adversário do PRB. Chalita usou todo o seu tempo no horário eleitoral para afirmar que, se Russomanno for eleito, a cidade vai cair em "mãos erradas". O candidato do PMDB também destacou o fato de os dirigentes do PRB serem ligados à Igreja Universal. "Será que é uma boa misturar religião com política?", questionou.A intenção de Chalita foi se colocar como único candidato com chance de vencer Russomanno no segundo turno, pois contaria tanto com o apoio do PT quanto o do PSDB. O argumento é que, se Serra avançar na disputa, não vai receber o apoio de Haddad e vice-versa. "A minha ida para o segundo turno é a única garantia de unir PMDB, PSDB, PT e os outros partidos contra uma aventura", afirmou. "Todas as vezes que o cansaço com os políticos falou mais alto do que a razão, São Paulo acabou escolhendo prefeitos muito piores do que os políticos que a cidade rejeitava. Foi assim com o Pitta, foi assim com o (atual prefeito Gilberto) Kassab", disse.Ontem, o PMDB divulgou nota negando que esteja negociando com o governo a ida de Chalita para o Ministério da Educação, em troca de apoio a Haddad num eventual segundo turno.