Disputa do 2º turno deve opor PMDB gaúcho e nacional

Posição do ex-prefeito de Caxias, que surpreendeu ao ser o mais votado, é a de desafiar o partido, que apoia Dilma ao Planalto

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Por Redação
O governador do Rio Grande do Sul, JoséIvo Sartori Foto: CAU GUEBO/RAW IMAGE

A dura disputa pelo 2.º turno no Rio Grande do Sul deverá opor o PMDB gaúcho ao partido nacional. José Ivo Sartori, o ex-prefeito de Caxias que surpreendeu ao passar para a segunda etapa da eleição em primeiro lugar, ainda não anunciou apoios, mas não há, no Estado, quem acredite que o PMDB gaúcho abra seu palanque para a presidente Dilma Rousseff, apesar da aliança nacional. Rivais eternos do PT, a tendência do PMDB gaúcho é dar abrigo ao tucano Aécio Neves. 

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“Uma coisa é certa: nós não vamos ficar sem palanque”, disse Sartori ao Estado. “Minha posição é conhecida, mas vamos consultar a coligação antes de anunciar qualquer coisa.” 

Nas últimas pesquisas antes da votação, o governador e candidato à reeleição, Tarso Genro, aparecia em primeiro e Sartori disputava a segunda colocação com a senadora Ana Amélia Lemos (PP).

A posição de Sartori é a de desafiar o PMDB nacional, o que já fez no 1.º turno, ao apoiar primeiro Eduardo Campos e, depois da morte do ex-governador, Marina Silva, e se aliar no Estado ao PSB. 

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A decisão chegou a dividir o partido. Parte queria seguir as instruções nacionais. Mas Sartori conseguiu vencer as prévias peemedebistas com 70% dos votos dos filiados e sua posição passou a ser majoritária, mesmo que com um alto custo financeiro. A retaliação nacional foi deixar o candidato à míngua, contando apenas com recursos de arrecadações locais para fazer a campanha. 

Sartori, entretanto, afirma que precisa ouvir todos os coligados antes de anunciar uma posição. Edson Brum, presidente do PMDB gaúcho, confirma que há defensores dos dois lados, o que poderia levar o partido a liberar seus filiados. Mas sua fala contrasta com o próprio desejo do candidato de ter um palanque nacional - e sua inclinação por uma candidatura de oposição a Dilma. 

A opção por abrir o palanque para Aécio pode facilitar a vida de Sartori no 2.º turno. A vitória da presidente no Rio Grande do Sul foi por menos de 2 pontos porcentuais. Aécio obteve 41,42 % dos votos e Dilma, 43,21%, concentrando os votos anti-PT no Estado. Marina obteve 10,5%. Esse capital de insatisfeitos pode migrar em boa parte para o peemedebista, que se beneficiou na reta da final desse sentimento no Estado. Uma aliança com Dilma enfraqueceria seu discurso de alternativa a Tarso. 

O atual governador, que foi surpreendido pelo crescimento do opositor, reivindica a parceria com Dilma. Fez e fará parte de sua estratégia de campanha se vincular claramente a Dilma e ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Apesar de Dilma ter tido uma votação muito próximo de Aécio no Estado, ainda conquistou mais gaúchos que o governador do seu partido - a diferença entre os que votaram em Dilma e não em Tarso é de mais de 10 pontos porcentuais. 

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“Sou o representante da presidente Dilma e do ex-presidente Lula no Estado”, afirmou Tarso, destacando os investimentos federais, que chegam a RS$ 40 bilhões apenas no PAC. “Minha relação com eles é pessoal. Espero deles o mesmo apoio que tive no 1.º turno.” Nessa primeira fase, Lula e Dilma gravaram mensagens e estiveram no Rio Grande do Sul para fazer campanha. / COLABOROU ELDER OGLIARI

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