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Militantes da Rede se dizem ‘nem de esquerda, nem de direita e nem de centro’

Simpatizantes do partido da presidenciável Marina Silva falam em ‘outra forma de fazer política’ e afirma que não veem dificuldade de se governar sem alianças

Por Marianna Holanda e Pedro Venceslau
Atualização:

No quinto debate promovido pelo Estado com os militantes dos partidos políticos que disputam o Palácio do Planalto nas eleições 2018, os integrantes da Rede Sustentabilidade, sigla da ex-ministra Marina Silva, usaram uma máxima do ministro das Comunicações, Gilberto Kassab (PSD), na hora de definir o espectro ideológico da legenda: nem direita, nem esquerda, nem centro. 

Militantes da Rede Sustentabilidade, partido de Marina Silva, se reuniram na sede da legenda em São Paulo para discutir as eleições 2018 Foto: TIAGO QUEIROZ/ESTADÃO

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Um grupo de cinco mulheres e quatro homens, com idades entre 22 e 55 anos, recebeu a reportagem na sede paulista do partido, instalada em uma casa no bairro da Vila Mariana. 

O professor Fernando Oliveira, de 38 anos, ex-militante do PT e PSOL, usou um neologismo para classificar a linha política da Rede: “sustentabilista e progressista”. “O centro é uma farsa. É a posição de quem não tem posição”, emendou o também professor universitário Zysmam Meiman. 

Dirigentes da legenda chegaram a participar de encontros do movimento pluripartidário batizado “Polo Democrático”, que tentou unificar o centro em torno de uma única candidatura presidencial. A conversa com a Rede, porém, não prosperou. 

Os ativistas ignoram as dificuldades de governar sem alianças no sistema presidencialista. Sem explicar como conseguiriam formar maioria congressual, falam em criar “outra forma de fazer política”. O “sistema” teria infinitas possibilidades, não só na direita, na esquerda ou no centro. 

Para Zé Gustavo, de 28 anos, ex-porta-voz nacional da Rede, a dificuldade será ganhar a eleição, não governar. A trajetória dos “marineiros” presentes é uma mostra do caldo de cultura que formou o partido de Marina. Três deles foram do PT, uma foi filiada ao PCB e outro não lembra em quem votou em 2006. Os demais estão vivendo a primeira experiência partidária. 

Os militantes brincam que, para os “de direita”, Marina nunca deixou de ser petista; para os “de esquerda”, é uma traidora. Eles rechaçam que a candidata da Rede esteja isolada na disputa presidencial – apesar da dificuldade em formar alianças – e negam que Marina comande o partido com mão de ferro. 

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O grupo também nega que presidenciável fique "no muro" em temas polêmicos, como o aborto. "Como essa visão não contempla a polarização, a respotsa que as pessoas esperam 'sou a favor, sou contra', aí os ataques vêm em cima disso e não há o diálogo em cima do programa, em cima da legislação", disse o pré-candidato a deputado estadual da sigla, Giovanni Mockus.

Os “marineiros” que passaram pelo PT lamentaram a prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, mas exaltaram a Lava Jato. No fim do debate, os militantes fizeram uma autocrítica: o discurso de Marina precisa fugir do discurso pejorativamente chamado “marinês.”

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