Os 177 mil eleitores de Novo Hamburgo, cidade da região metropolitana de Porto Alegre, voltarão às urnas no dia 3 de março de 2013 para escolher um prefeito pela quinta vez em pouco mais de oito anos, com a esperança de acabar com um ciclo de confusões jurídicas e resultados anulados que se arrasta desde 2004.
A aplicação da Lei da Ficha Limpa, que passou a valer somente este ano, anulou a eleição de 7 de outubro, vencida por Tarcísio Zimmermann (PT), que iria para seu segundo mandato seguido. Como ele conquistou 53% dos válidos, a Justiça marcou nova eleição. Se o porcentual fosse inferior a 50%, o cargo passaria ao segundo colocado.
O imbróglio confunde o eleitorado porque a origem da atual impugnação está em 2004 - e não impediu Zimmermann de tomar posse como deputado federal em 2007 e depois como prefeito em 2009.
Em 2004, Zimmermann foi a uma solenidade de inauguração de um Centro de Atendimento Socioeducativo a convite do então governador Germano Rigotto (PMDB), na qual não chegou a discursar. Ele estava acompanhado do então deputado estadual Jair Foscarini (PMDB). Ambos concorreram à prefeitura naquele ano. Foscarini ganhou, mas a Justiça negou o registro das candidaturas dele e de Zimmermann. Alegando discordar do julgamento, o petista não concorreu na nova eleição, em 2005, que Foscarini venceu.
Em 2008, o petista ganhou a prefeitura. Ao tentar a reeleição este ano, teve sua candidatura anulada pela aplicação da Lei da Ficha da Limpa. A Justiça considerou irregular a participação de Zimmermann na solenidade de 2004 e decretou sua inelegibilidade por oito anos. Como considerava que os oito anos terminam em 3 de outubro, o petista concorreu, ganhou, mas não levou porque a interpretação do TSE, em análise de recurso, foi de que a condenação valeria até o final deste ano.
Zimmermann, no entanto, pretende apresentar candidatura para março. Mas admitiu que o PT não insistirá. Caso haja alguma contestação aceita pela Justiça, o partido substituirá o candidato pelo deputado estadual Luis Lauermann.
As constantes oscilações da política local e a necessidade de voltar às urnas em março parecem cansar os moradores de Novo Hamburgo. A comerciária Emiliana Motta considera "uma brincadeira" um novo processo eleitoral em tão pouco tempo. "Se era para ele (Zimmermann) não assumir nem deveriam ter deixado se candidatar", afirma.
O taxista João Vargas entende que o incidente que impediu o prefeito de reassumir ocorreu há tanto tempo que nem deveria mais ser considerado. "Há coisas bem piores na política que acabam passando", ressalva. Já para o empresário Marco Kirsch a história não é bem assim: "Decisão judicial tem que ser acatada", afirma.