O promotor Marcelo Mendroni, do Grupo de Atuação Especial e Repressão ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público de São Paulo, informou hoje que já instaurou procedimento para investigar o envolvimento de funcionários da prefeitura de São Paulo, durante a gestão do ex-prefeito Paulo Maluf (PPB), na Lavicen Construções e Locação de Máquinas e Terraplanagem. A Lavicen é acusada de servir de fachada para o desvio de verbas durante a construção do túnel Ayrton Senna, na gestão de Maluf. ?Os indícios do envolvimento da Lavicen em fraudes contra a administração pública são muito fortes e não posso deixar de investigar esta empresa?, afirmou Mendroni. A Lavicen é investigada pela promotoria da Cidadania do Ministério Público, há quase um ano. Na semana passada, o promotor Luís Sales do Nascimento pediu a entrada do Gaeco no caso. ?O envolvimento da empresa com recursos públicos precisa ser investigado criminalmente, por isso pedi a participação do Gaeco?, disse Nascimento. Mendroni afirmou que já não tem dúvidas de que a Lavicen á uma empresa fantasma, com forte indício de ter sido usada para desvio de dinheiro durante a construção do túnel. Lavino Kill, um dos sócios da Lavicen, é um sapateiro semi-analfabeto que nunca soube da existência da empresa. No contrato social, sua assinatura foi falsificada. O outro sócio, Joel Gonçalves Pereira, é processado a revelia no Paraná, por estelionato e falsidade ideológica. O Ministério Público recebeu hoje ofício do Centro de Apoio Operacional à Execução (Caex) informando que não conseguiu localizar Pereira em nenhum de seus endereços. Alguns dos endereços fornecidos por ele para registros de documentos no Estado do Paraná, onde a Lavicen está registrada, sequer existem. ?Como uma empresa com este perfil recebeu milhões para atuar nas obras de construção do túnel??, pergunta Nascimento. A Lavicen recebeu, pelo menos, R$ 1,5 milhão durante a construção do Ayrton Senna. Esta cifra refere-se apenas a uma planilha em poder do Ministério Público, ligada ao repasse de verbas feitas por serviços supostamente prestados pela Lavicen em maio de 1996. ?Mas a empresa, comprovadamente, realizou serviços durante quatro anos?, afirma o promotor. A construtora CBPO, que recebia da prefeitura para executar as obras do túnel e repassava os valores à Lavicen, tem prazo até o final desta semana para entregar ao Ministério Público todas as planilhas de obras e os pagamentos feitos para a Lavicen. ?Os valores devem atingir alguns milhões de reais?, acredita Nascimento. A CBPO já informou ao Ministério Público que pagou regularmente para a Lavicen durante este período, pela subcontratação de serviços. A cifra de R$ 1, 5 milhão, que está em poder dos promotores, refere-se ao pagamento de um único mês deste período. O Ministério Público já descobriu que a Lavicen nunca teve máquinas para realizar os serviços pelos quais teria sido contratada.