Empresários se frustram com adiamento de reformas para 2003

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Por Agencia Estado
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A Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Alemanha recebeu com grande decepção as declarações do presidente da Câmara de Deputados, Aécio Neves (PSDB-MG), de que a reforma tributária só deverá voltar à pauta de discussões do Parlamento em 2003, já que, no ano que vem, os deputados deverão se concentrar na disputa eleitoral. "Os Estados Unidos e Alemanha estão reduzindo impostos para serem competitivos internacionalmente porque sabem que a situação econômica mundial não é a mesma após os ataques terroristas de 11 de setembro. Mas no Brasil temos imposto em cascata e exportamos esse tributos", avaliou o presidente da Câmara de Comércio, Ingo Plöger, após anunciar a escolha do vice-presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), deputado federal Carlos Eduardo Moreira Ferreira (PFL-SP), como o vencedor brasileiro do Prêmio Personalidade Brasil-Alemanha 2001. Segundo Plöger, a estrutura tributária brasileira provoca disfunção social ao cobrar impostos em escala maior dos consumidores de menor renda. "No estado de São Paulo, a tributação chega a 32% do valor dos produtos, enquanto a média internacional é de 12% a 17%. Aqui, os produtos da cesta básica são tributados, enquanto que em outros países, pelo menos de 15 a 20 itens, possuem os impostos pela metade", comentou. Na avaliação do deputado federal, a reforma tributária não saiu nos últimos anos por falta de vontade política do poder executivo. "O governo prefere enviar suas Propostas de Emenda Constitucional (PEC), por determinação do Ministério da Fazenda e da Receita Federal, do que criar uma reforma profunda", afirmou. "Recentemente vi declarações do presidente Fernando Henrique Cardoso que se dizia aborrecido por não ter concluído a reforma tributária. O presidente fica aborrecido, mas não age", complementou, admitindo realizar as críticas mesmo pertencendo à base de apoio do governo. Moreira Ferreira disse não ter conhecimento das declarações de Aécio Neves, mas garantiu que vai se unir a outras lideranças empresariais presentes no Congresso para pressionar o presidente da Câmara à priorizar a reforma tributária na pauta do próximo ano. "O projeto do Michel Temer (PMDB-SP) tem condições de avançar porque já foi aprovado na Comissão de Finanças e Tributação, precisa passar pela Comissão de Constituição e Justiça para ir à votação em plenário. Vamos para cima do Aécio", prometeu. Na avaliação do dirigente alemão, a ausência da reforma tributária não cria incentivos para investimentos sustentáveis estrangeiros no Brasil. "Queremos competir de igual para igual, e isso não importa se a empresa instalada aqui é alemã ou brasileira", cobrou.

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