RIO – O Estadão foi o vencedor de duas categorias do 5.º Prêmio Petrobrás de Jornalismo. A reportagem A Lista de Fachin, do repórter Breno Pires, que revelou os nomes dos investigados no Supremo Tribunal Federal pelas delações da Odebrecht, venceu a categoria Regional São Paulo-Sul. Na categoria Cultura, foi premiada a reportagem Novas Veredas, o mapa do Grande Sertão nos 50 anos da morte de Guimarães Rosa recebeu a premiação com textos de Leonêncio Nossa, fotos de Dida Sampaio. O jornal foi o único veículo a receber duas distinções na cerimônia realizada no Teatro Municipal do Rio de Janeiro.
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No dia 11 de abril de 2017, o repórter Breno Pires divulgou com exclusividade no site do Estado e no Broadcast Político, os casos de corrupção e lavagem de dinheiro envolvendo a alta cúpula do governo e do Congresso. A "Lista de Fachin" revelou que o ministro relator da Operação Lava Jato, Edson Fachin, havia determinado a abertura de inquérito para investigar integrantes do alto escalão do governo de Michel Temer. Oito ministros, 24 senadores e 39 deputados federais se tornaram investigados, entre eles os presidentes das duas Casas, Eunício Oliveira e Rodrigo Maia. A lista também incluia um ministro do Tribunal de Contas da União, três governadores e 23 outros políticos e autoridades que, apesar de não terem foro no tribunal, estavam relacionadas nas denúncias.
As investigações foram reveladas a partir de 83 decisões do magistrado do STF, obtidas com exclusividade pelo Estado. A abertura dos inquéritos impactou o mundo políticoA repercussão da notícia. “O papel do repórter deve ser cada vez mais valorizado, nesse momento em que as fake news estão confrontando o jornalismo”, afirmou Pires, ao receber o prêmio.
O repórter obteve o material que estava sob sigilo no STF por meio do cruzamento de dados de verificação de decisões do ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato. A publicação dos inquéritos e das acusações contra os políticos levou Fachin a divulgar na íntegra os vídeos dos depoimentos. Desde os acordos de delação da Odebrecht foram assinados, em dezembro, havia expectativa sobre o conteúdo revelado pela reportagem. Breno Pires já tinha recebido o Prêmio Estadão de Reportagem de 2017.
Numa investigação de três meses, em Novas Veredas, a equipe de reportagem percorreu o sertão retratado por Guimarães Rosa no clássico Grande Sertão Veredas. O especial, publicado entre os dias 12 e 19 de fevereiro de 2017, revelou a destruição ambiental e os dramas humanos na região que inspirou o romance “Grande Sertão:Veredas”, de Guimarães Rosa, um clássico da literatura latino-americana. O Estado foi a mais de 20 cidades, em Minas Gerais, Bahia e Goiás entre novembro de 2016 e janeiro de 2017, para registrar esse cenário.
+ Leia a reportagem premiada 'Novas Veredas'
Com edição de Luciana Garbin, fotografias de Dida Sampaio e textos de Leonencio Nossa, a série "Novas Veredas" recorreu à história de amor entre os jagunços Riobaldo e Diadorim para mostrar os conflitos assimétricos envolvendo grandes fazendeiros, mineradoras estrangeiras e as comunidades tradicionais por terra, água e ouro numa área no coração do Brasil superior à do Reino Unido.
A partir do estudo de geoprocessamento de imagens de satélite e análises de paisagens por fotointerpretação feito pelo engenheiro florestal Guilherme Braga Neves, a equipe de reportagem esteve em lugares citados no livro e considerados fictícios, como o deserto do Sussuarão, em Cocos, na Bahia. A reportagem apresentou ainda mortes de garimpeiros nas tubulações da empresa canadense Kinross, decisões judiciais que bloqueiam aceso de famílias à energia elétrica, esquemas de grilagem de terra, desemprego de jovens e redução das águas do Rio São Francisco.
Ao percorrer 25 cidades e dezenas de povoados do Distrito Federal e dos estados da Bahia, de Goiás e de Minas Gerais, a reportagem destacou que os sertanejos ficaram às margens da política de desenvolvimento dos governos. A destruição ambiental pelos setores da soja, da celulose, da siderurgia e da mineração alterou a vida de veredeiros e geraizeiros.
A reportagem "Um mundo de muros", de Patrícia Campos Mello, da Folha de S.Paulo, foi a vencedora do prêmio principal. O repórter Chico Felitti, do BuzzFeed News, venceu na categoria Inovação com a matéria "Fofão da Augusta? Quem me chama assim não me conhece".
2017. No ano passado, o Estado venceu nas duas principais categorias do Prêmio Petrobrás de Jornalismo. O grande prêmio foi concedido à reportagem Terra Bruta - Pistolagem, devastação e morte no coração do Brasil, de autoria dos repórteres André Borges, Leonêncio Nossa e Luciana Garbin e dos repórteres fotográficos Dida Sampaio e Hélvio Romero. A reportagem mapeou a grilagem de terras em sete Estados do Norte e Centro-Oeste do País, e identificou 482 focos ativos de tensão e violência pela disputa fundiária.
Já o repórter Herton Escobar foi premiado na categoria especial "Inovação" de 2017, com a matéria Fauna Invisível da Mata Atlântica. O especial mostrou que, ao mesmo tempo que pesquisadores chamavam atenção para o “esvaziamento” da biodiversidade da Mata Atlântica, câmeras escondidas mostravam a diversidade que ainda resistia no interior da floresta.